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Fisiopatologia do choque hipovolêmico

Fisiopatologia do choque hipovolêmico

Olá! Sejam bem vindos ao Blog ABC da Enfermagem

Neste artigo, vamos abordar a fisiopatologia do choque hipovolêmico que para muitos parece um pouquinho complicado de entender.

Neste sentido, vamos fazer um esquema básico para compreendermos o que acontece com doente quando ele chega na nossa sala de pronto atendimento.

O que é o choque hipovolêmico?

O choque hipovolêmico é uma situação grave decorrente da perda de grande quantidade de líquidos e sangue o que faz com que o coração deixa de ser capaz de bombear o sangue para todos os órgãos do corpo gerando hipóxia e falta de nutrientes, e consequentemente colocando a vida em risco.

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O que causa o choque hipovolêmico?

O choque hipovolêmico pode ser causado por qualquer fator que reduza a quantidade de sangue circulante, como:
  • Quadros diarreicos;
  • Desidratação;
  • Hemorragias.

Este tipo de choque é frequente em pacientes vítimas de pancadas fortes como em acidentes de transito e queda de grandes alturas. Também podem surgir durante cirurgias.

Deste modo, são diversas as causas de hemorragias que podem levar ao choque, como:

  • Feridas com cortes profundos;
  • Hemorragias internas provocadas por acidentes.
  • Úlceras.

A  desidratação por sua vez, leva a uma diminuição de sangue circulante, e em casos graves, levam ao choque. Podem ser causas de desidratação a diarreia prolongada e queimaduras extensas.

O tratamento deve ser imediato e para evitar as suas consequências graves é necessário encaminhar de forma rápida ao hospital para iniciar o quanto antes a transfusão sanguínea ou a administração de soro por via endovenosa, além de tratar a causa.

 

 

Quais são os sinais e sintomas?

Os principais sinais e sintomas do choque hipovolêmico são:

  • Dor de cabeça constante (cefaleia);
  • Cansaço excessivo;
  • Náuseas e vômitos;
  • Vertigem;
  • Pele fria e pegajosa;
  • Vômitos;
  • Confusão mental;
  • Cianose;
  • Sudorese
  • Taquicardia;
  • Taquipneia;
  • Sede;
  • Pulso filiforme;
  • Pressão arterial baixa;
  • Perfusão capilar lenta ou inexistente.

É preciso ficarmos atento ao abordar um paciente que sofreu algum acidente com estes sinais. O rebaixamento do nível de consciência após confusão mental é um sinal de gravidade de choque hipovolêmico.

 

Fisiopatologia do choque hipovolêmico

A fisiopatologia envolve os seguintes eventos:

  1. Acidente traumático (ou outra causa).
  2. Perda de sangue maior que 40%
  3. Diminuição da pré-carga
  4. Redução do retorno venoso
  5. Hipotensão e queda do débito cardíaco
  6. Diminuição da perfusão coração e cérebro

Agora vamos estudar cada um desses eventos!

Acidente traumático

Uma das maiores causas do choque hipovolêmico é a hemorragia.

Num adulto,  a volemia total representa 5 a 6 litros de sangue. Uma perda 40%, ou seja, 2 ml de sangue, faz com que o paciente entre num quadro de choque hipovolêmico resultando num diminuição da pré-carga ventricular.

 

Diminuição da pré-carga

Com a perda excessiva de sangue, ocorre uma diminuição na pré carga cardíaca.

Mas o que é pré-carga?

Pré-carga é pode ser definida como capacidade máxima de estiramento dos ventrículos, ou seja, no momento em que o coração recebe o sangue, o os ventrículos apresentam uma distensão máxima, o que permite um armazenamento máximo de sangue durante a sua diástole (relaxamento do tecido muscular cardíaco).

Assim, quando o paciente perde sangue, a pré-carga diminui pois não há pressão suficiente para encher os ventrículos.

 

Redução do retorno venoso

Se o coração não consegue realizar uma pressão sanguínea suficiente para que o sangue alcance todos os órgãos, haverá consequentemente uma diminuição da pressão sanguínea responsável por levar de volta ao coração o sangue que se encontra nos tecidos, gerando assim a diminuição do retorno venoso.

Em outras palavras, se há pouco sangue no coração, há pouco sangue para bombear para os tecidos, e consequentemente, haverá pouco sangue para retornar ao coração.

 

Hipotensão e queda do débito cardíaco

A hipotensão e a queda do débito cardíaco são consequências da hipovolemia.

Como isso ocorre?

Primeiro é preciso entender o que é o  débito cardíaco e hipotensão.

O débito cardíaco pode ser conceituado como a quantidade de sangue ejetada pelo coração a cada minuto e a hipotensão é uma redução da pressão sanguínea gerada nas paredes dos vasos que surge em decorrência da  diminuição da volemia.

Consequentemente há uma diminuição da perfusão sanguínea em órgãos nobres como cérebro, pulmões e coração, levando a consequências sérias no organismo.

Vale ressaltar que o primeiro sinal de diminuição da perfusão sanguínea cerebral é o aparecimento de confusão mental e letargia, uma vez que não está chegando uma quantidade suficiente de sangue no cérebro de modo que a oferta de oxigênio é insuficiente para o funcionamento pleno neuronal.

Além disso, outro sinal de diminuição da volemia é a oligúria.

A oligúria é provocada pela diminuição de sangue que chega aos rins, e ao filtrar menos sangue, os rins produzem menor quantidade de urina.

 

Perfusão sanguínea

Vale ressaltar que a produção de urina é uma das melhores formas de avaliar a perfusão sanguínea.

Se o paciente tem bom volume urinário, significa que as células estão bem perfundidas.

Por outro lado se o paciente tem baixa produção de urina, aí sim devemos nos preocupar.

A oligúria é um bom indicativo de que a perfusão orgânica está prejudicada.

 

Vasoconstricção periférica

O quadro de hipotensão e a queda do débito cardíaco gera um quadro de vasoconstrição periférica.

Mas o que é vasoconstricção periférica?

Vasoconstricção periférica é a contração dos músculo liso contido na parede dos vasos sanguíneos periféricos promovendo uma maior concentração de sangue nos vasos centrais do corpo de modo a sustentar a perfusão sanguíneo dos órgãos vitais como coração, pulmão e cérebro.

A vasoconstricção nada mais é que um sistema compensatório do organismo de modo a evitar a morte, e é estabelecido através da ativação do sistema nervoso autonômico simpático.

Os sinais clássicos de choque como a palidez cutânea e pele fria e pegajosa são provenientes desse mecanismo.

Saiba como funciona o sistema nervoso simpático! CLIQUE AQUI!

Taquicardia

Outra tentativa de restabelecer a perfusão orgânica, é a aceleração da frequência cardíaca.

O aumento da frequência cardíaca provoca um aumento do débito cardíaco e uma maior quantidade de sangue é forçada a chegar nos órgãos e tecidos.

 

Etapas evolutivas do choque

A gravidade do choque hipovolêmico evolui através das seguintes fases:

  1. Hipoperfusão – Ao sangrar em grande quantidade, é gerada uma hipoperfusão orgânica.
  2. Hipóxia – A diminuição da chegada de sangue oxigenado aos tecidos, levam a um quadro de hipóxia.
  3. Metabolismo anaeróbico – Para manter as suas funções, as células necessitam de obter energia de outra fonte e o método utilizado por elas é o metabolismo anaeróbico.
  4. Morte celular – O metabolismo anaeróbico leva a um acúmulo de ácido lático gerando um quadro de acidose lática e a morte celular.
  5. Falência orgânica – Quando ocorre a morte das células de um órgão, este deixa de executar a sua função.
  6. Morte – A incapacidade do funcionamento de órgãos como cérebro, pulmão e coração, levam o paciente à morte.

 

Cuidados de Enfermagem

Ao identificar uma situação de choque deve-se:

  • levar os pés cerca de 30 centímetros ou suficiente para que estes membros se fiquem acima do nível do coração;
  • aquecer o paciente com cobertor ou peças de roupas;
  • ao identificar ferida sangrante, tentar conter a hemorragia com pressão local para minimizar perda sanguínea e ganhar tempo até a chegada da equipe de urgência;
  • Fornecer oxigenoterapia;
  • Estabelecer acesso venoso calibroso;
  • Posicionar o carrinho de emergência próximo ao paciente;
  • Quando o paciente chegar na sala de emergência, colher exames como gasometria e ph;
Vale ressaltar que em casos de acidentes, quadros persistente de diarreia, desidratação e grandes queimaduras, é necessário que os profissionais de saúde atentem-se aos sinais e sintomas do choque.

Em seguida, é necessário realizar uma análise crítica da conduta mais adequada a ser decidida em cada situação a fim de evitar a morte do paciente, que poderá ocorrer em poucos minutos.

Bom, você ao fim de mais um artigo.

Espero que tenha te auxiliado nos estudos.

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Em caso de dúvidas e sugestões, entre em contato conosco pelo campo comentários, logo abaixo.

Bons estudos.

Marcus Vinícius

Enfermeiro, Servidor Público, Coordenador Técnico do CAPS 1 de Lagoa da Prata-MG, empreendedor e blogueiro que dedica parte do seu tempo para a partilha de material de grande qualidade relacionados a Enfermagem e Sáude Pública.

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