Fisiopatologia do Edema Pulmonar, Causas e Tratamento!
Congestão Pulmonar: Fisiopatologia
A congestão pulmonar ou edema agudo de pulmão é uma condição clínica bastante grave, decorrente da insuficiência ventricular esquerda.
A congestão pulmonar surge da incapacidade do ventrículo esquerdo em bombear o sangue de forma efetiva, fazendo com que o sangue retorne para a circulação pulmonar, causando edema intersticial pulmonar (HINKLE;CHEEVER, 2020).
Deste modo, entende-se que o edema agudo de pulmão é uma síndrome clínica caracterizada pelo acúmulo de líquido ou fluído nos espaços alveolares e intersticiais dos pulmões, podendo ser decorrente de diversas causas cardíacas.
Trata-se de um processo patológico secundário a outras condições clínicas, que é caracterizado por um acúmulo de líquido nos espaços intersticial e alveolar, impedindo a adequada difusão de oxigênio e dióxido de carbono.
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Fisiopatologia da Congestão Pulmonar
A congestão pulmonar pode ter duas causas:
- Cardiogênica; e
- Não cardiogênica.
Causa cardiogênica
O edema agudo de pulmão pode ter origem no coração.
Qualquer defeito na função do ventrículo esquerdo do coração, pode causar congestão pulmonar. A incapacidade de remover fluido da circulação pulmonar, provoca um descompensação clínica grave, caracterizada por um quadro de insuficiência respiratória de início e evolução rápida (SANTOS, 2011).
Quais são as causas do Edema Agudo de Pulmão de origem cardiogênica?
São exemplos de causas cardiogênicas:
- Insuficiência ventricular esquerda;
- Arritmias cardíacas;
- Infarto agudo do miocárdio; e
- Emergência hipertensiva.
Causa não cardiogênica
A congestão pulmonar, neste caso, é causada por problemas pulmonares.
A circulação sanguínea pulmonar é prejudicada por dano no revestimento capilar pulmonar, podendo ser causado por lesão direta, lesão hematogênica ou lesão decorrente de pressão hidrostática elevada (HINKLE; CHEEVER, 2020).
Sinais e sintomas
O edema agudo de pulmão dificulta as trocas gasosas e produz uma alteração na difusão entre os alvéolos e os capilares (VELASCO et al., 2020).
Desde modo, o sangue arterial torna-se menos oxigenado, e isso causa alterações do funcionamento dos neurônios, que são células muito dependentes de oxigênio, fazendo com que o paciente apresente um comportamento ansioso e de inquietude.
Já na pele e mucosas, a baixa oxigenação sanguínea evidencia a cianose e palidez cutânea. Além disso, há ativação do sistema sistema simpático, para acelerar a frequência cardíaca (taquicardia), a fim de conseguir que mais sangue passe pelos pulmões para ser oxigenado.
Além disso, o sistema nervoso simpático também provoca vasoconstricção periférica, a fim de concentrar o sangue nos vasos centrais do corpo, aumentando a pré-carga cardíaca (quantidade de sangue que chega ao coração) e o débito cardíaco.
Por outro lado, a dificuldade de trocas gasosas nos pulmões e o acúmulo de líquido dentro dos alvéolos, em função da congestão pulmonar, provoca dispneia e sibilos.
Ao mesmo tempo, a hipóxia sanguínea provoca uma aceleração dos movimentos respiratórios (taquipneia), na tentativa de remover o gás carbônico acumulado e oxigenar melhor o sangue.
O paciente também experimenta distensão venosa jugular, tosse incessante, expectoração espumosa de cor rósea (tingido de sangue).
À medida que a congestão piora, o paciente tem agravamento dos sintomas, podendo evoluir para a confusão mental e estado de torpor.
Nesse momento, o paciente também experimenta a ortopneia, que é a dificuldade de respirar enquanto está deitado.
O edema agudo de pulmão, é uma situação de emergência, pois o paciente se asfixia com as secreções.
Características principais do Edema Agudo Pulmonar
- Hipoxemia;
- Aumento do esforço respiratório;
- Redução da complacência pulmonar;
- Redução da relação perfusão/perfusão.
Tratamento
O tratamento para o edema pulmonar envolve os seguintes objetivos (SALLUM; PARANHOS, 2010; VELASCO, et al., 2020):
- Reduzir a pré-carga (sangue que chega no coração) e a pós-carga (força de contração do coração para conseguir levar sangue para os pulmões e para o corpo);
- Melhorar a saturação arterial de oxigênio;
- Aliviar rapidamente os sintomas;
- Reverter as anormalidades hemodinâmicas agudas;
- Reverter a congestão pulmonar;
- Investigar e tratar as causas de descompensação hemodinâmica.
A atuação clínica no edema agudo de pulmão, quando é provocado por insuficiência ventricular esquerda, envolve a redução da pré-carga, melhorar a função ventricular e aumentar a oxigenção do sangue. Isso é conseguido através da oferta de oxigênio, suporte ventilatória e administração de medicamentos intravenosos (HINKLE; CHEVEER, 2020).
Terapia com oxigênio
O oxigênio deve ser oferecido em pacientes com congestão pulmonar, numa quantidade suficiente para corrigir a hipoxemia e a dispneia.
A princípio, é oferecido máscara com válvula unidirecional. Em outros pacientes, poderá ser necessário a intubação endotraqueal e a ventilação mecânica.
Além disso, o AMLS (2017, P.116), relata que o ideal, é atingir uma saturação de oxigênio acima de 90%, sempre avaliando o paciente para a necessidade da instalação de ventilação mecânica.
Uso de diuréticos
Os medicamentos diuréticos são importantes para reduzir a pré-carga (sangue que chega no coração).
Esses medicamentos aumentam a diurese, justamente para reduzir o volume sanguíneo e a pré-carga, revertendo a congestão sanguínea pulmonar.
Os diuréticos devem ser prescritos de maneira crescente, até que seja alcançado a meta terapêutica, sendo mais indicado, o medicamento furosemida.
Vasodilatores
Apesar de contraindicados nos pacientes hipertensos, os medicamentos vasodilatores, como a nitroglicerina e o nitroprussiato IV, são importantes para promover o alívio dos sintomas no edema pulmonar.
Posição de Fowler
A posição Fowler é a posição recomendada para o atendimento desse tipo de patologia, pois o paciente experimenta a ortopneia, que é a dificuldade de respirar deitado.
Essa posição, é descrita com o paciente parcialmente sentado, através da elevação do leito a um ângulo de 45º ou 60º. A corpo fica alinhado ao leito, com os joelhos com uma leve elevação, mais baixos que a cabeceira.
Além disso, Timerman e Guimarâes (2020), recomendam também, como medidas de tratamento do edema agudo de pulmão:
- Manter o paciente em decúbito de 90º;
- Administrar morfina, de 2 a 4 mg por via intravenosa;
- Oxigenoterapia com uso de ventilação não invasiva com pressão positiva (CPAP ou BiPAP);
- Administrar nitrato sublingual, como o dinidrato de isossorbida 5 mg, sendo no máximo, em 3 doses;
- Administrar nitrato intravenoso, podendo ser a nitroglicerina ou o nitroprussiato;
- Administrar furosemida 0,5 a 1,0 mg/kg por via intravenosa.
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Referências Bibliográficas
HINKLE, J. L.; CHEEVER, K. H. Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-cirúrgica. 14. ed. Rio de Jnaieo: Guanabara Koogan, 2020.
SALLU, A. M. C.; PARANHOS, W. Y. O enfermeiro e as situações de emergência. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2010.
SANTOS, J. G. Uso da ventilação não invasiva e seus efeitos positivos e adversos no tratamento do edema pulmonar cardiogênico agudo. 2011. 42 f. Monografia (Especialização em Fisioterapia em Unidade de Terapia Intensiva) – Universidade Castelo Branco, Salvador, 2011. Disponível em: <http://bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/FUTI/FUTI03/SANTOS-Jamile%20Goncalves%20dos.pdf>. Acesso em 20 de mar. de 2022.
TIMERMAN, S.; GUIMARÃES, H. P. Emergências Médicas: passo a passo. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020.
VELASCO, I. T. et al. Medicina de Emergência: abordagem prática. Atualizado com as últimas publicações sobre COVI D-19. Disciplina de emergências clínicas do hospital das clínicas da FMUSP. 14 ed. Manole, 2020.