Escala de Braden – Entenda o que é, qual a sua importância e como aplicar!

Você sabe o que é a escala de braden e qual a sua importância?

Esse importante instrumento foi criado no ano de 1987 pelas enfermeiras Bárbara Braden e Nancy Bergstrom, com o objetivo de avaliar o risco de acometimento de lesão por pressão, especialmente aqueles em internação hospitalar por longo período.

Utilizar escalas de avaliação de risco de desenvolvimento de lesão por pressão, segundo Jansen, Silva e Moura (2020), é de grande valia para a enfermagem, pois proporciona um planejamento da assistência, o diagnóstico, tratamento e prevenção dessas lesões.

Além disso, utilizar a escala de braden ou outro instrumento avaliativo de risco de desenvolvimento de úlceras de pressão, é um dos deveres da enfermagem para garantir a segurança do paciente, conforme o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).

Diante da importância do assunto, convidamos você a conhecer o tema com profundidade nas próximas linhas.


Qual a importância da escala de braden?

Assista ao Vídeo:

Sabe-se que uma das consequências mais comuns do longo tempo de internação em hospitais, são as alterações da pele.

Quanto maior a combinação de fatores de risco, como idade avançada, restrição no leito, obesidade e outros, maior a incidência de úlceras por pressão.

As lesões por pressão são motivos de grandes preocupações nos serviços de saúde, pois causam grande impacto tanto no próprio paciente e familiares sendo um dos maiores problemas enfrentados pelos gestores da saúde.

Em relação ao paciente, as úlceras por pressão levam a diversas complicações como, presença de dor, desenvolvimento de infecções graves, internações prolongadas, sepse e aumento da mortalidade.

Já em relação ao sistema de saúde, há um maior gasto econômico no tratamento específico dessas lesões preveníveis, o que exige toda uma logística de recursos humanos e físicos. Além de onerar o sistema público, o aumento da taxa de lesão por pressão sobrecarrega os profissionais lotados na unidade de saúde, o que pode aumentar a incidência de erros.

Por esse motivo, aplicar instrumentos que avaliem o risco de aquisição de lesão por pressão, fazem parte do Procolo Federal de Segurança do Paciente, implementado através da Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013.


O que é lesão por pressão?

É uma lesão localizada na pele e tecidos circunvizinhos comumente sobre uma proeminência óssea, resultante de uma pressão constante e fatores como a fricção e o cisalhamento.

Além disso, as lesões podem surgir mais facilmente quando há maior umidade local, má nutrição, perfusão tissular prejudicada e quando o paciente permanece na mesma posição por muito tempo ao longo do dia.


Como aplicar a escala de bradem no adulto?

Trata-se de um bom instrumento de avaliação sistemática dos riscos para desenvolvimento de úlcera por pressão ou Lesão por Pressão que integra seis subescalas e em cada uma delas, há uma pontuação que você deve aplicar, a saber:

  • Percepção sensorial (1 a 4 pontos);
  • Atividade (1 a 4 pontos);
  • Mobilidade (1 a 4 pontos);
  • Umidade (1 a 4 pontos);
  • Nutrição (1 a 4 pontos);
  • Fricção ou cisalhamento (1 a 3 pontos).

Assim, ao somar todos os pontos, iremos classificar o paciente como sem risco, médio risco, risco moderado, alto risco e altíssimo risco, da seguinte maneira.

  • Sem Risco: Quando o paciente apresentar entre 19 a 23 pontos;
  • Médio Risco: Quando o paciente apresentar entre 15 a 18 pontos;
  • Risco Moderado: Quando o paciente apresentar entre  13 a 14 pontos;
  • Alto Risco: Quando o paciente apresentar entre 10 a 12 pontos;
  • Altíssimo Risco: Quando o paciente apresentar entre 6 a 9 pontos.

Conheça a escala de braden

Agora vamos estudar cada um das subescalas para que você possa entender, como realizar a avaliação e como pontuar adequadamente.

Agora vamos estudar cada uma das subescalas!

Percepção sensorial

O nosso corpo apresenta receptores sensoriais que tem a função de perceber estímulos provenientes tanto do interior do corpo, quanto do ambiente externo.

Ao captar uma informação, o receptor transforma o estímulo recebido em um impulso nervoso, o qual é enviado ao sistema nervoso central para ser processado, o que determina as diversas reações reações do nosso organismo.

Existem algumas condições que atrapalham o funcionamento desses receptores, como doenças, traumas neurológicos, sedação e uso de anestésicos.

Essas alterações sensoriais diminuem o nível de consciência e, consequentemente o nível de capacidade de resposta de mudança que levaria o paciente a comportamentos que aliviariam a formação de pontos de pressão em regiões dotadas de proeminências ósseas.

Deste modo, o paciente com alteração sensorial em consequência de uma ventilação mecânica prolongada, não tem a capacidade de sentir incomodo provocada por pressão nas regiões dos cóccix, por exemplo.

Na escala de Braden, a percepção sensorial é conceituada como a capacidade do paciente em reagir de modo a cessar a pressão que está provocando um desconforto em um determinada área de seu corpo (BERGSTROM ET AL, 1987) apud COSTA.

É bom mencionar que a maioria dos pacientes que estão com algum dano neurológico, apresentam em algum grau, a diminuição da percepção arterial e motora e por isso apresentam um alto risco para o desenvolvimento de lesão por pressão.

Segundo Leal (2005), em ambiente de UTI, local em que o paciente é submetido a sedação profunda que provoca, consequentemente, uma paralização dos movimentos devido ao uso de medicamentos neurobloqueadores musculares, acarreta a um aumento dos riscos de desenvolver úlceras por pressão.

Já nos pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos, há uma incidência de lesão por pressão devido ao uso de anestésico, do tempo de cirurgia e pós-operatório.

Mobilidade e Atividade

A mobilidade refere-se à capacidade do paciente em mudar de posição do seu corpo no leito, promovendo a cessação da pressão exercida em áreas de proeminência óssea prevenido a isquemia tecidual e melhorando a perfusão sanguínea local.

Várias condições clínicas podem levar a imobilidade do paciente, dentre elas podemos citar:

  • Sedação;
  • Traumatismo craniano;
  • Confusão mental;
  • Acidente vascular encefálico;
  • Lesão medular;
  • Politraumatizados.

Além disso, pacientes com diminuição da consciência e cuidados em unidade de terapia intensiva tem um maior risco de desenvolver úlceras por pressão por causa da imobilidade aumentada.

 

Nutrição

A má nutrição é um importante fator que pode aumentar o risco de desenvolver úlcera de pressão, pois os tecidos não conseguem receber os nutrientes adequados para manter a saúde da pele.

Os fatores nutricionais que levam a um maior risco de desenvolver ulcera por pressão são:

  • Dieta desequilibrada;
  • Pobre ingestão diária de proteína;
  • Baixo índice de massa corporal;
  • Níveis séricos baixos de albumina;
  • Perda de peso; e
  • Valores baixos de prega cutânea.

Além disso, as infecções ou trauma tecidual levam a uma diminuição proteica e hipoalbuminemia causando alterações na pressão oncótica e formação de edema.

O edema por sua vez, compromete a difusão do oxigênio e nutrientes nos tecidos, provocando hipóxia e morte dos tecidos, caracterizando a formação das úlceras.

Fricção e cisalhamento

A fricção surge quando a pele se move contra uma superfície de apoio. Trata-se de uma força de duas superfícies, uma força se contrapondo sobre a outra.

Por exemplo, quando o paciente é arrastado no leito, há uma força atuando na pele, provocada pelo colchão e outra força contrária, atuando nos tecidos adjacentes a pele, provocado pelo peso do corpo.

A fricção é a resistência da pele em seguir unida aos tecidos do corpo, aguentando o atrito com a superfície do leito.

Na fricção, há a retirada de uma camada superficial de células epiteliais.

Já o cisalhamento, é uma força formada pela força de fricção e a força da gravidade, exercendo uma força contrária na pele.

Quando o paciente é “arrastado” no leito, ocorre um atrito na pele, contra as proeminências ósseas, o que provoca o cisalhamento.

Também ocorre cisalhamento quando a cabeceira do paciente é elevada acima do ângulo de 30 graus, provocando um deslizamento do corpo devido a força de gravidade e a permanência da pele no mesmo local.

Isso causa um rompimento de vasos sanguíneos e tecidos, caracterizando o cisalhamento.

Sempre que há uma má posição do paciente no leito, sempre haverá fricção e cisalhamento, resultando em úlceras de pressão.


Quais são as responsabilidades do enfermeiro ao aplicar a escala?

O enfermeiro deve aplicar e classificar o perfil de risco de desenvolver úlceras por pressão de todo os pacientes internados.

Isso oferece subsídios para o estabelecimento de indicadores e intervenções de enfermagem que fazem essa prevenção, registrando no prontuário e em impressos específicos.

Além disso, o enfermeiro deve também prescrever e implementar ações de prevenção e de identificação precoce das lesões por pressão, de maneira individualizada.

Acrescenta-se que o enfermeiro deve fazer avaliações periódicas dos resultados e do plano de intervenção para prevenção de úlceras por pressão em cada paciente.

Outro responsabilidade importante do enfermeiro, é divulgar a incidência de lesão por pressão em sua unidade, a fim de oferecer dados para o estabelecimento de ações de melhorias.


Quais são as responsabilidades do técnico e auxiliar de enfermagem?

Tanto o técnico quanto o auxiliar de enfermagem, devem colocar em prática a assistência de enfermagem conforme a prescrição do enfermeiro, identificar lesões por pressão de modo precoce, comunicar ao enfermeiro a presença de lesões por pressão e registrar todas as ações e intervenções que realizar.


Referência Bibliográfica

ARAÚJO,C.R.D; LUCENA,S.T.M; SANTOS,I.B.C; SOARES,M.J.G.O. A enfermagem e a utilização da Escala de Braden em Úlceras por pressão.Rev.enferm. UERJ, 2010 jul/set.

GOMES,F.S.L; BASTOS,M.A.R; MATOZINHOS,F.P. Avaliação de risco para úlcera por pressão em pacientes críticos. Rev. Esc. Enfer. USP, 2010.

LUCENA,A.F; SANTOS,C.T; PEREIRA,A.G.S. Perfil clínico e diagnóstico de enfermagem de pacientes em risco para úlcera por pressão. Rev. Latino-Am. Enfermagem, maio-junho 2011.

SILVA et Al. A utilização da escala de braden como instrumento preditivo para prevenção de lesão por pressão.Revista Direito em Foco, São Paulo, nº1, ano 2019. Disponível em <http://portal.unisepe.com.br/>. Acesso em 24 de jun. 2021.

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Marcus Vinícius

Enfermeiro, Servidor Público, Coordenador Técnico do CAPS 1 de Lagoa da Prata-MG, empreendedor e blogueiro que dedica parte do seu tempo para a partilha de material de grande qualidade relacionados a Enfermagem e Sáude Pública.

Website: http://www.abcdaenfermagem.com.br

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