Você sabe o que é a hemorragia digestiva alta (HDA)?
Trato Gastrointestinal
Você sabe o que é a hemorragia digestiva alta (HDA)?
A hemorragia digestiva alta, refere-se ao sangramento resultante de lesões no trato gastrointestinal superior, ou seja, sangramento no esôfago, estômago ou duodeno.
Existem dois tipos de hemorragia digestiva, a hemorragia alta e a baixa. A diferenciação anatômica para caracterizar um quadro de hemorragia digestiva alta e baixa é o ângulo de Treitz. Leia mais sobre o ângulo de Treitz, clique aqui!
Em outras palavras, podemos descrever hemorragia digestiva alta, como todo sangramento digestivo que ocorre entre a cavidade oral e o ângulo Treitz.
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas podem se apresentar como hematêmese e/ou melena, de acordo com o ponto de origem do sangramento, da quantidade de sangramento e da velocidade do trânsito intestinal.
Além disso, o paciente pode apresentar:
- Enterorragia em casos de sangramentos muito intensos (sangue vermelho vivo ou coágulos sendo eliminados pelo reto);
- Vômitos borráceos;
- Dor epigástrica;
- Sinais de instabilidade hemodinâmica.
Classificação da HDA
A HDA recebe duas classificações:
- Varicosa;
- Não Varicosa
Causas da HDA
As causas mais comuns são:
- úlcera péptica;
- lesões da mucosa gástrica;
- varizes gastroesofágicas; e
- síndrome de Mallory-Weiss.
Anamnese
Deve-se diferenciar a hematêmese de outras situações de sangramento como a hemoptise, epistaxe e gengivorragia.
Além disso, alguns tipos de alimentos, como a beterraba, o espinafre e dietas ricas em ferro, podem provocar um escurecimento fisiológico das fezes e dessa forma, confundir o paciente ao ser questionado sobre a presença de melena. No entanto, as fezes nunca adquirem o cor negra de alcatrão e o odor fétido característicos da melena.
Ademais, é importante coletar dados de doenças concomitantes, consumo de oxigênio, revisão de medicamentos que podem causar hemorragias com os anticoagulantes, antiagregantes ou medicamentos gastrolesivos como com anti-inflamatórios não esferoidais.
Exame Físico
Deve ser realizada uma avaliação inicial do paciente aferindo os sinais vitais para avaliar a intensidade do sangramento, de acordo com os parâmetros do quadro abaixo.
Ademais, pode-se realizar o cateterismo nasogástrico para confirmar a origem do sangramento, no entanto, o seu uso é controverso, pois se for negativo, não descarta a existência de sangramento recente.
Cuidados de enfermagem
Posicionar o paciente em decúbito dorsal com as pernas no nível mais alto em relação à cabeça (posição de trendelemburg). No entanto, se houver vômitos, é preferível colocar o paciente em decúbito lateral esquerdo, para prevenir aspiração.
Administrar oxigênio suplementar conforme prescrição, especialmente em pacientes com instabilidade hemodinâmica.
Puncionar dois acessos venosos de grande calibre (12-16 G), para possibilitar a administração simultâneas de soluções, hemoderivados e medicamentos.
Encaminhar o paciente para realizar exames como hemograma completo, estudo de coagulação e teste cruzado conforme pedido médico.
Em caso de sangramento grave, ativo e persistente, choque hemodinâmico ou hipovolemia grave, discuta o caso com a equipe clínica sobre a necessidade de admissão do paciente na UTI.
Administrar soluções a fim de estabilizar hemodinamicamente o paciente, conforme prescrição. No sangramento leve, a reposição pode ser realizada com soro fisiológico numa velocidade de 80 a 100 ml por hora e, em caso de sangramento intenso, pode ser preferível a transfusão de hemácias, de acordo com a avaliação médica.
Administrar conforme prescrição, medicamentos inibidores da bomba de prótons, por exemplo, o omeprazol 80 ml via intravenosa em bolus seguido de infusão contínua.
Administrar o tratamento farmacológico específico para a hipertensão porta, conforme prescrição, com antibioticoprofilaxia e o uso de drogas vasoativas (terlipresina, somatostatina, octreódito e outras).
Realizar o tamponamento esofágico com a sonda de Sengstaken-Blakemore para fins de controle temporário do sangramento (tempo menor que 24 horas), até que seja possível, reavaliar o tratamento definitivo, que pode ser medicamentoso, endoscópico ou cirúrgico.
Após estabilizar o paciente, com o tamponamento esofágico ou não, o paciente deverá ser encaminhado para o procedimento endoscópico.