Você sabe o que é mastite?
A mastite é uma inflamação do tecido da mama que evolui muito rapidamente para uma infecção, que é quando ocorre a presença de bactéria dentro da mama.
A mastite afeta mais comumente as mulheres que estão amamentando, mas pode surgir também em mulheres que não estão amamentando e também em homens.
Segundo Viedro et al (2015), cerca de “25% das mulheres no período pós-parto tenham tido pelo menos um episódio de mastite lactacional e de 4 a 8% tenham tido episódios recorrentes de mastite” e que a inflamação resultante “pode ocasionar o desmame precoce“.
Sabe-se que a inflamação da mama durante a lactação dificulta a amamentação e os cuidados da mãe com o seu bebê. Por outro lado, a falta de orientação quanto pega correta e falta de esvaziamento completo de cada mama podem levar ao ingurgitamento mamário e a fissuras no bico dos seios causando a mastite.
A mulher apresenta queixas de que o seio está grande, inchado e com vermelhidão e também um forte cansaço e uma indisposição.
Além disso é frequente o relato de que a mulher está sentindo um calombo na mama, isto porque quando a mulher faz a palpação da mama ele sente o ingurgitamento mamário.
Isto acontece porque o leite fica entupido no ducto mamário provocando uma sensação de “bola dentro do peito“.
As causas das mastites ocorrem principalmente por uma pega incorreta do bebê ou quando a mãe não esvazia completamente cada mama durante a amamentação.
Quando uma mama não é esvaziada completamente durante as mamadas, um dos ductos podem ficar entupidos provocando a estase láctea.
Esse bloqueio faz com que o leite se acumule causando a inflamação e infecção da mama.
A outra causa citada é a infecção bacteriana. Quando o bebê apresenta uma pega e posição incorreta, começam a surgir escoriações ou fissuras nos mamilos. É justamente por esses locais que as bactérias da pele, como o Staphylococcus aureus podem entrar e causar a infecção.
É comum que a mulher sinta uma discreta ou moderada dor nos mamilos nos primeiros dias de parto uma vez que as primeiras mamadas do recém-nascido são realizadas com forte succção dos mamilos e da aréola.
Essa dor é natural e deve desaparecer na primeira semana.
Vale enfatizar que nos primeiros dias após o parto é comum ter dor ou desconforto durante a amamentação e isto não requer intervenção, mas a mãe deverá ser orientada prevenindo que a mãe desista de realizar a amamentação.
Por outro lado, a dor dificulta a liberação dos hormônios que promovem a lactogênese e por esse motivo, a amamentação deve ser incentivada pelos profissionais de saúde.
Quando a mulher queixa de dor nos mamilos decorrente de lesões provocadas pela inadequação do posicionamento e pega do bebê, ela deverá receber treinamento para que corrija esses erros, de modo a prevenir a mastite.
Além disso, deverá ser observada outras causas da mastite como:mamilos curtos;
A amamentação deve ser um momento afetivo entre mãe e bebê e não deve doer e nem machucar o peito.
Caso esteja machucando, é importante procurar ajuda em uma Unidade Básica de Saúde.
É recomendado amamentar mesmo estando com a mama inflamada. Pode ser um pouco desconfortável no início, mas a amamentação reduz o ingurgitamento mamário e a inflamação decorrente do excesso de leite aprisionado na mama.
Por outro lado, se a inflamação da mama ocorreu por lesão mamilar que está muito extensa e a mãe não está conseguindo amamentar por causa da dor, a amamentação pode ser interrompida temporamente na mama afetada, no entanto, a mama deverá ser esvaziada utilizando a ordenha manual ou a bomba de extração de leite.
Quando a mulher não esvazia completamente a mama em cada mamada, a quantidade de leite tende a aumentar dentro da mama pois a mulher continua a produzir leite.
A estase do leite provoca um aumento da pressão intraductal provocando um achatamento das células alveolares e a formação de espaços entre as células.
Os espaços formados permitem a passagem de alguns componentes do sangue para o leite, e do leite para o tecido intersticial da mama.
A presença desses componentes do sangue na mama provoca uma reação inflamatória, e o dano tecidual resultante desse processo leva ao surgimento da infecção.
O inchaço da mama proveniente dessa resposta inflamatória provoca uma dificuldade do bebê em abocanhar a aréola causando deste modo, dificuldade na amamentação.
Por esse motivo, a boca do bebê passa a pegar somente o mamilo causando as lesões pelas quais entram as bactérias.
A bactéria que mais acomete a mama é o Staphylococcus aureus, devido a sua presença na pele. Mais raramente a Escherichia coli e o Streptococcus.
O ingurgitamento mamário é a estagnação do leite na mama causando a mastite.
As principais causas de ingurgitamento são:
O tratamento da mastite envolve primeiramente a identificação de suas causas.
Se a mulher está com dor mamilar decorrente da má pega e postura, a orientação profissional deverá ser correção desses erros.
A pega correta é a melhor forma de prevenir a mastite e também de evitar a progressão da inflamação.
Segundo o Ministério da Saúde (2016), a pega e a posição correta apresentam as seguintes características:
A mulher pode utilizar compressas de água morna para alivia a dor. No entanto é importante mencionar que quaisquer outras substâncias colocadas na pele podem piorar a situação, tais como cremes, óleos, antissépticos e outros.
Também não são indicados o banho de sol, banho de luz e até o uso do secador de cabelo para tratar as lesões pois a cicatrização das feridas é mais eficiente em meio úmido.
O tratamento medicamentoso deve ser iniciado quando há infecção.
São utilizados antibióticos antiestafilocócicos uma vez que o Staphylococcus aureus é o agente etiológico mais comum da mastite.
Podem ser utilizados:
Caso a mulher seja alérgica à penicilina e a cefalexina, é orientado utilizar 500 mg por via oral 4 vezes/dia, ou clindamicina, 300 mg por via oral 3 vezes ao dia, por 10 a 14 dias.
IMPORTANTE: Somente os médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As informações contidas no ABC da Enferamgem possui apenas caráter informativo.
A prevenção pode ser realizada através das medidas que evitam a instalação da estase lática, tais como:
Quando a mastite não é tratada adequadamente, pode surgir abscesso na mama sendo geralmente necessário a realização de drenagem cirúrgica
Leia também:
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BRASIL. Amamentação. Biblioteca Virtual de Saúde, Brasília, novembro de 2016. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/amamentacao>. Acesso em 15 de jul. 2021.
Cadernos de Atenção Básica, n. 23, Brasília, 2009a. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad23.pdf.
VIEIRA et al.Mastite lactacional e a iniciativa Hospital Amigo da Criança, Feira de Santana, Bahia, Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, nº 22, v. 6, p. 1193-1200, jun. de 2006. Disponível em : https://www.scielosp.org/article/csp/2006.v22n6/1193-1200.>. Acesso em 15 de jul. de 2021.
SILVA et Al. Mastite lactacional grave: particularidades da internação à alta. Revista Brasileira de Enfermagem, Ribeirão Preto, nº 68, v. 6, p-1116-1121. Disponível em <https://www.scielo.br/j/reben/a/ftgqtYcTvH56wgNr8QmbmqN/?lang=pt&format=pdf>. Acesso em 15 de jul. de 2021.
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