O que é posição pronada?

Enfermagem em UTI

Você sabe o que é posição pronada?

Você sabe o que é posição pronada?

A posição pronada é aquela em que o paciente está de bruços, com a barriga voltada para baixo, com a finalidade de melhorar a função dos pulmões em pacientes com insuficiência respiratória.

A técnica, utilizada desde a década de 70 em pacientes com síndrome respiratória aguda,  tem sido muito utilizada nos pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) a infecção pelo covid-19.


Como a posição prona ajuda os pacientes com síndrome respiratória aguda?

Quando o paciente assume a posição prona (bruços), há uma melhora dos parâmetros respiratórios, pois promove a abertura dos alvéolos pulmonares que não estavam ativos durante a respiração supina (dorço), promovendo a melhora das trocas gasosas.


Quando realizar a posição prona?

A posição de pronação deverá ser realizada precocemente, de preferência até as primeiras 48 horas de internação, em pacientes que estão com síndrome da angústia respiratória aguda e qualquer outra condição que provoque alteração grave da troca gasosa.

Leia também:

Qual a importância da mudança da mudança de decúbito, no paciente acamado!


Como avaliar a necessidade da posição prona?

Todo paciente com alteração grave da troca gasosa necessita de ser posicionado em pronação. Desde modo, para sabermos se o paciente está nessas condições, devemos avaliar a relação parcial de oxigênio arterial (PaO2) com a fração inspirada (FiO2).

Se a relação PaO2/FiO2 for inferior a 150 mmHg, é altamente orientado que o paciente deverá ser submetido á posição prona para melhorar as trocas gasosas

Depois de ter de posicionarmos o paciente, é preciso realizar avaliações periódicas da efetividade desta ação.


Como avaliar a efetividade do procedimento?

Após 1 hora que o paciente assumiu a posição de bruços, o mesmo deverá ser submetido a uma gasometria, para avaliar se o procedimento melhorou a função pulmonar.

Deste modo, se o paciente apresentar um aumento de 20 mmhg na relação PaO2/FiO2 ou de 10 mmHg na PaO2, a posição em pronação deverá ser mantida.

No entanto, se houver um alteração menor do que o desejado, o paciente deverá voltar a ser submetido á posição supina.


Qual a periodicidade das avaliações da efetividade da posição prona?

A comunidade médica recomenda avaliação da relação PaO2/FiO2, a cada 6 horas.


 

Quando suspender a posição em pronação?

O posicionamento deverá ser imediatamente interrompido quando:

  • Presença de hemoptise;
  • Extubação não programada;
  • Frequência cardíaca inferior a 30 batimentos por minuto por mais de um minuto;
  • Saturação periférica de oxigênio menor que 85% ou PaO2 menor do qie 55 mmHg por mais de 5 minutos, com fração inspirada de Oxigênio (FiO2) em 100%;
  • Parada cardiorrespiratória
  • Obstrução do tubo endotraqueal;
  • Pressão arterial sistólica < 60 mmHg por mais de 5 (cinco) minutos;
  • Qualquer outro motivo potencialmente fatal.

Contraindicações

O corpo clínico deverá se atentar quanto ás contra-indicações absolutas e relativas da posição em pronação.

Contraindicações Absolutas

  • Arritmias graves aguda;
  • Peritoneostomia;
  • Fraturas pélvicas;
  • Fraturas vertebrais instáveis;
  • Esternotomia recente;
  • Pressão intracraniana não monitorada ou significativamente aumentada.

Contraindicações Relativas

  • Cirurgia oftalmológica ou pressão intraocular aumentada;
  • Trauma ou ferimentos faciais graves ou cirurgia facial nos últimos 15 dias;
  • Traqueostomia há menos de 24 horas;
  • Difícil manejo das vias aéreas;
  • Instabilidade hemodinâmica;
  • Parada cardiorrespiratória recente;
  • Trombose venosa profunda tratada por menos de 2 dias;
  • Marcapasso cardíaco inserido nos últimos 2 dias;
  • Cirurgia traqueal ou esternotomia nos últimos 15 dias;
  • Cirurgia cardio torácica recente;
  • Cirurgia abdominal recente;
  • Formação de estoma;
  • Tórax instável;
  • Hemoptise maciça
  • Hemorragia pulmonar que requer um procedimento cirúrgico aquiintervencionista imediata
  • Balão intra-aórtico;
  • Diálise contínua;
  • Politrauma com fraturas não estabilizadas;
  • Gestação;
  • Cifoescoliose;
  • Dreno torácico anterior com vazamento de ar;
  • Dispositivo de assistência ventricular
  • Lesões graves da parede torácica;
  • Fraturas de costelas
  • Osteoartrite;
  • Artrite reumatoide avançadas
  • Peso corpóreo superior a 135 Kg;
  • Pressão intra-abdominal maior que 20 mmHg.

Complicações

A posição em pronação, apesar de melhorar a função pulmonar, pode ter também complicações, os Profissionais de Saúde em devem ficar atentos.

São eles:

  • Edema de face, vias aéreas, membros, tórax;
  • Compressão de nervos e vasos retinianos;
  • Hipotensão transitória;
  • Dificuldade para aspiração das vias aéreas;
  • Queda da saturação periférica de oxigênio;
  • Lesões por pressão;
  • Hemorragia conjuntival;
  • Piora das trocas gasosas;
  • Eventos cardíacos;
  • Obstrução ou pinçamento de drenos torácicos ou cateteres vasculares;
  • Pneumotórax;
  • Obstrução, pinçamento ou deslocamento (intubação seletiva ou extubação não-
    programada) do tubo endotraqueal;
  • Necessidade de maior sedação ou bloqueio neuromuscular;
  • Intolerância à nutrição enteral; vômito;
  • complicações alimentares;
  • Dificuldade em instituir ressuscitação cardiopulmonar;
  • Trombose venosa profunda;
  • Deslocamento de sonda vesical ou nasoentérica;
  • Deslocamento inadvertido do cateter de Swan-Ganz.

Como realizar o procedimento?

É recomendado que 3 a 5 pessoas experientes realizem a mudança de decúbito.

No entanto, antes de realizar o procedimento, os profissionais deverão se atentar para:

  • Pausar a sonda nasoentérica e abrir duas horas antes;
  • Colocar travesseiros ou lençóis para apoio do tórax e pelve, e também, se necessário, para a face, punho cor das pernas;
  • Providenciar que o carro de parada cardiorrespiratória esteja próximo;
  • Testar o material de aspiração;
  • Realizar cuidados com a pele e região ocular;
  • Verificar seus dispositivos invasivos, curativos e via aérea artificial estão fixados ad adequadamente;
  • Realizar aspiração das vias aéreas;
  • Pressão do balonete do tubo endotraqueal;
  • Registrar se comissura labial;
  • Caso o paciente esteja em hemodiálise continua, deve-se pausar;
  • Realizar a heparinização do cateter de hemodiálise, se tiver em hemodiálise continua;
  • Realizar oxigenação com FiO2 a 100% minutos;
  • Realizar o ajuste da analgo-sedação se avaliar necessidade de realização de bloqueio neuromuscular;
  • Clampear drenos e sondas, e posicioná-los entre as pernas;
  • Desconectar e fechar a sonda nasoenteral;
  • Colocar a cabeceira do leito a posição plana;
  • Alinhar os membros superiores e inferiores do paciente;
  • Pausar todas as infusões desconectar os cateteres;
  • Realizar a técnica em envelope.

Técnica do envelope

A técnica em envelope, é dividida em três momentos:

  1. Posicione o lençol superior sobe o inferior, e coloque as sondas, drenos e dômus da pressão invasiva dentro do envelope;
  2. Junte e enrole o lençol superior e inferior o mais perto possível do corpo do paciente;
  3. Inicie o giro após o comando médico. Desloque o paciente para a lateral da cama contr[aria ao ventilador mecânico;
  4. Gire o paciente em posição lateral. Realize a manobra de troca das mãos entre a equipe, de modo que fique com uma mão na lateral esquerda e outra na lateral direita do paciente;
  5. Finalize o giro e iício dos cuidados pós-manobra.

 


Quais são as recomendações pós procedimento?

Após realizar o procedimento, deve-se colocar o paciente na posição de trendelemburg reverso a 20 graus, com a finalidade de reduzir o risco de aspiração.

Além disso, é importante realizar a posição de nadador no paciente, com um braço fletido para cima, e o outro estendido para baixo, sendo que, o rosto deve estar voltado braço que está fletido . Os braços devem se revezar a cada duas horas, para evitar previsão do plexo braquial.

Ademais, os eletrodos do eletrocardiograma devem estar posicionados no dorso do paciente.

Outra recomendação muito importante, é adoção de medidas de prevenção úlceras por pressão.

É recomendado também, que se utilize placas de hidrocoloides para proteção dos joelhos, ombros, face e testa.

Além disso, é bom utilizar travesseiros distribuídos na frente do paciente, para aliviar os pontos de apoio anatômicos principais;


Referência Bibliográfica

Borges,Daniel, et al. posição prona no tratamento da insuficiência respiratória aguda na covid-19. Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória, 2020.

Guideliners adaptado de “Vanessa Martins Oliveira et al. Checklist da prona segura: construção e implementação de uma ferramenta para realização da manobra de prona” Revista Brasileira de Terapia Intensiva. 2017. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rbti/v29n2/0103-507X-rbti-29-02-0131.pdf>. Acesso em 10 de maio de 2021.

 

Que tal receber em seu e-mail uma lista de EXERCÍCIOS DE CÁLCULO DE MEDICAMENTOS para você dominar essa matéria de forma rápida?

Deixe o seu e-mail clicando no link abaixo!

QUERO BAIXAR AGORA

Marcus Vinícius

Enfermeiro, Servidor Público, Coordenador Técnico do CAPS 1 de Lagoa da Prata-MG, empreendedor e blogueiro que dedica parte do seu tempo para a partilha de material de grande qualidade relacionados a Enfermagem e Sáude Pública.

Website: http://www.abcdaenfermagem.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *