Posição e Pega Correta na Amamentação – Como avaliar?
Você sabia que a maioria dos problemas na amamentação surgem devido á falta de orientação às mães sobre como realizar a pega correta na amamentação?
O ingurgitamento mamário, infecções mamárias, bloqueio do ducto lactífero, baixa produção de leite e interrupção precoce da amamentação surgem de erros cometidos na pega e na posição em que o bebê é colocado para amamentar.
Além de erros na posição e pega correta na amamentação, é prudente citar o uso de chupetas, a administração de complementos alimentares e a realização de mamadas infrequentes, que são também causadores dessas complicações.
Neste sentido, é imprescindível que os profissionais de enfermagem realizem durante o pré-natal e o período puerperal, todas as orientações necessárias para que a mãe possa realizar a técnica correta de amamentação e a saiba qual é a importância do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e complementado até, no mínimo, os dois anos de idade da criança, tanto para ela quanto para o bebê.
Ao longo desse artigo, profundaremos nestes temas, portanto, orientamos que leia todo o artigo.
Fisiologia da lactação
Entender a fisiologia da lactação é fundamental para compreender todos as complicações da amamentação relacionadas à pega correta na amamentação.
Neste sentido, sabe-se que na lactação, existem tanto estímulos para a produção, quanto para a interrupção da produção e ejeção de leite.
Os estímulos para a produção de leite envolvem ouvir e sentir o bebê, pensar ou “dar em de mamar” e o próprio ato de amamentar.
Já os estímulos para a interrupção da produção de leite ou para o chamado “secar o leite”, envolve a presença de dor, estresse, depressão, insegurança, medo e outros sintomas negativos.
Tudo isso ocorre interrompendo ou estimulando a produção de dois hormônios principais, a ocitocina e a prolactina.
A prolactina é responsável pela produção do leite na mama e por sua vez a ocitocina cuida da ejeção do leite na boca do bebê.
Como já falado, a prolactina e a ocitocina necessitam de estímulos para serem excretados, tais como:
- A mãe ver e sentir o bebê;
- O bebê amamentar.
A ocitocina
Você pode ter ouvido falar ou até mesmo presenciar mães que não conseguiram amamentar?
Saiba que tudo isto aconteceu por falta de orientação.
Isto acontece porque existe um hormônio que bloqueia a ação da ocitocina. Este hormônio é a adrenalina.
A adrenalina é sempre produzida quando a mãe fica com raiva, ansiosa, estressada, sente dor.
Uma mãe no pós-parto imediato que esteja ansiosa, terá certamente dificuldades para amamentar.
Da mesma forma acontece com um bebê que apresente uma pega incorreta da mama.
A pega incorreta da mama, faz com que o bebe abocanhe o mamilo e não a aréola e isto gera dor, pois a criança que a criança faça mordedura no bico do peito provocando lesões.
A ocitocina é produzida cerca de 1 minuto após o início da mamada e se a mãe estiver ansiosa ou apresentando dor, a prolactina continua a ser produzida mas o leite deixa de ser ejetado na boca da criança.
A Prolactina
Por outro lado, uma mãe ansiosa produz leite, mas tem dificuldade na ejeção desse leite para a boca do recém-nascido.
Isto acontece porque a adrenalina bloqueia a ocitocina, mas a prolactina continua atuando.
A mãe produz leite, mas o leite não é ejetado para a boca da criança.
Na verdade, não ocorre o reflexo de ejeção e a criança não consegue mamar.
Esse problema irá afetar a produção de leite com o tempo!
“Isto vai afetar a produção de leite porque a natureza não joga dinheiro fora.”
Conforme a glândula mamária não é esvaziada porque a criança não consegue esvaziá-la, a simples presença de leite dentro do alvéolo mamário, faz com que a célula glandular vá perdendo receptor para a prolactina.
Assim, no inicio temos um nível alto de prolactina e uma produção eficiente de leite, mas a mulher com dor ou estressada, não consegue oferecer esse leite que está dentro da mama para o bebe, e com o tempo, a prolactina deixa de ser produzida e a mama deixa também de produzir leite.
Se não retirar o leite de dentro da mama, a mulher vai parar de produzir o leite.
Mas essa situação pode ser revertida!
Quais são os dois grandes estímulos para que a mãe produza leite em quantidade adequada?
A sucção do mamilo e o esvaziamento regular da mama durante a mamada são capazes de fazer com que o leite volte a ser produzido e ejetado na boca da criança.
Além disso, é preciso reduzir dor e estresse para que o leite consiga ser ejetado na boca da criança durante as mamadas.
Para isso funcionar bem, é preciso que a mãe produza os hormônios certos através da pega correta na amamentação
Técnica de amamentação – Importância da pega correta!
Agora que vimos o quanto é importante o aleitamento materno, vamos descrever como deve ser a pega e a posição do bebê para que seja realizada uma amamentação adequada.
Vale enfatizar que uma pega incorreta na mama, leva à dor.
Essa dor ocorre porque, numa pega incorreta, o bebê abocanha somente o mamilo, gerando lesão, inflamação e dor.
Essa situação fica mais favorável quando a mama está muito cheia, fazendo com o que, seja difícil do bebe abocanhar a aréola da mama.
Na técnica de amamentação, avaliamos duas coisas:
- Posição correta;
- Pega correta.
Posição adequada para a amamentação
1. O rosto do bebê deve estar de frente para a mama, com o nariz na altura do mamilo;
2. O corpo do bebê deve estar próximo ao corpo da mãe;
3. O Bebê deve estar com cabeça e tronco bem alinhados (pescoço não deve estar torcido);
4. O Bebê deve estar bem apoiado.
Pega adequada para a amamentação
1. Deve-se estar mais visível a aréola acima da boca do bebê;
2. O bebê deve estar com a boca bem aberta;
3. Lábio inferior do bebê deve estar virado para fora;
4. O Queixo do bebê deve estar tocando a mama.
Quais são os sinais que são indicativos de técnica inadequada de amamentação:
- As Bochechas do bebê encovadas a cada sucção;
- Ruídos da língua;
- A mama aparentar estar esticada ou deformada durante a mamada;
- É possível ver estrias vermelhas nos mamilos ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê solta a mama;
- Presença de dor na amamentação.
A amamentação deve ser um momento de bem-estar!
Vale ressaltar que, quando a mama está muito cheia, a aréola pode estar tensa, endurecida, dificultando à pega.
Em tais casos, recomenda-se, antes da mamada, retirar manualmente um pouco de leite da aréola ingurgitada.
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Quais são os benefícios do aleitamento materno para o bebê?
Sabe-se que a posição do bebe e a pega correta permitem a amamentação sem dor e sem dificuldades e possibilita um momento de fortalecimento de vínculo entre mãe e filho.
A aleitamento materno traz inúmeros benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê.
O leite materno é como se fosse uma sopa imunológica.
Todas as imunoglobulinas presentes no organismo (experiência imunológica da mãe, contra inúmeros tipos de vírus e bactérias, memória imunológica por vacinação) é repassado para o bebê através do leite materno.
Desta forma, o bebê tem uma redução dos quadros de doenças infecciosas tais como meningite, bacteremia, infecção do trato respiratório, diarreia, otite média, enterocolite necrosante e sepse.
Vale ressaltar que há uma diminuição significativa no número de hospitalizações.
Além disso há:
- Redução nos quadros de alergias como asma, dermatite atópica e alergia ao leite de vaca;
- Redução da obesidade;
- Redução do diabetes;
- Redução do colesterol alto;
- Melhora da nutrição;
- Efeito positivo sobre o desenvolvimento intelectual;
- Melhor desenvolvimento da cavidade bucal.
E quais são os benefícios do aleitamento materno para a mãe?
O aleitamento materno promove:
- A aceleração da velocidade de involução uterina e redução na hemorragia uterina;
- Perda mais acelerada do peso ganho durante a gestação;
- Promove um aumento do intervalo entre as gestações (o aleitamento materno exclusivo é um método anticoncepcional);
- Melhora a interação entre mãe e bebê, gerando praticidade e benefício econômico;
- Redução do risco de câncer de mama e ovário.
É importante ressaltar que o aleitamento materno exclusivo, é um excelente método anticoncepcional nos primeiros seis meses após o parto (eficácia de 98%, desde que a mãe não tenha menstruado).
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Referências Bibliográficas
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