Na área da saúde, dois termos frequentemente mencionados são a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e o processo de enfermagem.
No entanto, compreender plenamente a diferença entre eles e o que realmente envolve a SAE pode ser desafiador.
Neste artigo, vamos explorar em detalhes do processo de enfermagem e da SAE, seus componentes e sua importância fundamental no trabalho de enfermagem.
O processo de enfermagem é uma abordagem sistemática e organizada para o planejamento e prestação de cuidados de enfermagem aos pacientes.
Ele consiste em cinco etapas inter-relacionadas: coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação.
Essas etapas são seguidas sequencialmente, permitindo que o enfermeiro organize as informações sobre o paciente, identifique problemas, defina metas e intervenções de cuidado, implemente as ações planejadas e avalie os resultados alcançados.
A Resolução COFEN-358/2009 estabelece as diretrizes para o Processo de Enfermagem, que é uma metodologia utilizada pelos profissionais de enfermagem para planejar, implementar e avaliar a assistência prestada aos pacientes.
O Processo de Enfermagem é composto por cinco etapas inter-relacionadas e recorrentes:
A seguir, veremos cada uma dessas etapas.
A primeira etapa é a Coleta de Dados de Enfermagem ou Histórico de Enfermagem.
Nessa etapa, o profissional de enfermagem realiza a coleta de informações sobre o paciente, sua família ou comunidade, utilizando métodos e técnicas variadas.
O objetivo é obter dados relevantes sobre a pessoa, sua saúde, doença e suas respostas em um determinado momento.
A segunda etapa é o Diagnóstico de Enfermagem.
Nessa etapa, os dados coletados na primeira etapa são interpretados e agrupados de forma a identificar os conceitos diagnósticos de enfermagem que representam com maior precisão as respostas do paciente em relação à sua saúde e doença.
Esses diagnósticos de enfermagem são a base para a seleção das ações e intervenções que serão realizadas para alcançar os resultados esperados.
A terceira etapa é o Planejamento de Enfermagem.
Nessa etapa, são determinados os resultados que se espera alcançar com a assistência de enfermagem e as ações ou intervenções que serão realizadas com base nos diagnósticos identificados na etapa anterior.
O planejamento leva em consideração as respostas do paciente, sua família ou comunidade em relação à saúde e doença.
A quarta etapa é a Implementação.
Nessa etapa, as ações ou intervenções definidas no planejamento são realizadas pelo profissional de enfermagem.
Isso envolve a execução dos cuidados, o acompanhamento do paciente e a documentação adequada das intervenções realizadas.
A quinta e última etapa é a Avaliação de Enfermagem.
Nessa etapa, é feita a verificação sistemática e contínua das mudanças nas respostas do paciente, sua família ou comunidade em relação à saúde e doença.
O objetivo é determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram os resultados esperados e avaliar a necessidade de realizar mudanças ou adaptações nas etapas anteriores do processo.
Essas cinco etapas do Processo de Enfermagem estão interligadas e ocorrem de forma contínua, permitindo que o profissional de enfermagem planeje, implemente e avalie a assistência de forma sistemática, garantindo uma prática de enfermagem segura, eficaz e centrada no paciente.
Agora que vimos o que é o processo de enfermagem e quais as suas fases, chegou o momento de abordarmos a Sistematização da Assistência de Enfermagem.
A SAE é um conjunto abrangente de práticas e processos que abarcam o trabalho de enfermagem dentro de uma instituição de saúde.
Diferentemente do processo de enfermagem, que possui apenas as cinco etapas distintas, a SAE vai além, incluindo elementos como o método científico, o dimensionamento de pessoal, os instrumentos utilizados e os registros e anotações.
SAE é um conceito mais amplo que envolve o processo de enfermagem, além de outros elementos essenciais para a prestação de cuidados de enfermagem.
Portanto, a SAE engloba não apenas as cinco etapas do processo de enfermagem, mas também aspectos como o método científico, o dimensionamento de pessoal, os instrumentos utilizados e os registros e anotações.
Portanto, a principal diferença entre o processo de enfermagem e a SAE está na abrangência desses conceitos.
O processo de enfermagem refere-se especificamente às cinco etapas sequenciais, enquanto a SAE abrange todo o conjunto de práticas e processos utilizados na prestação de cuidados de enfermagem, indo além das etapas do processo de enfermagem.
Vamos falar agora sobre uma característica muito importante da SAE, que é o método científico.
Dentro da SAE, o método científico desempenha um papel central no processo de enfermagem.
A Resolução 358/2019 estabelece a obrigatoriedade da realização do processo de enfermagem de forma deliberada e sistemática em todos os ambientes de cuidado profissional de enfermagem.
Essa abordagem baseada em suporte teórico orienta a coleta de dados, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação da assistência de enfermagem.
As teorias de enfermagem são estruturas conceituais desenvolvidas por estudiosos da área que fornecem um suporte teórico para a prática da enfermagem.
Essas teorias oferecem um conjunto de princípios, conceitos e abordagens que auxiliam os profissionais de enfermagem a compreenderem melhor o cuidado e a tomarem decisões embasadas em evidências.
Existem várias teorias de enfermagem, cada uma com sua perspectiva e ênfase específicas. Algumas das teorias mais conhecidas e amplamente utilizadas na prática de enfermagem incluem:
Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem: Esta teoria enfatiza a capacidade do indivíduo em realizar ações de autocuidado para atingir e manter sua saúde. O enfermeiro tem um papel de apoio, fornecendo orientação e assistência quando necessário.
Teoria do Déficit de Autocuidado de Orem: Uma extensão da teoria do autocuidado, essa teoria enfoca a identificação das necessidades de autocuidado do paciente e a provisão de cuidados de enfermagem adequados para suprir esses déficits.
Teoria do Cuidado Transpessoal de Jean Watson: Baseada em uma abordagem holística, essa teoria enfatiza a importância do cuidado humanizado, do estabelecimento de uma relação de confiança entre enfermeiro e paciente, e do reconhecimento da dimensão espiritual do cuidado.
Teoria do Modelo de Adaptação de Callista Roy: Essa teoria destaca o processo de adaptação do indivíduo ao ambiente, enfocando como o enfermeiro pode auxiliar o paciente a enfrentar e superar os desafios para alcançar a adaptação adequada.
Teoria do Cuidado Cultural de Madeleine Leininger: Esta teoria reconhece a importância das influências culturais no cuidado de enfermagem. O enfermeiro considera as crenças, valores e práticas culturais do paciente para fornecer cuidados culturalmente sensíveis e individualizados.
Teoria do Cuidado Centrado na Pessoa de Kristen Swanson: Esta teoria enfatiza a importância do cuidado compassivo e a compreensão das necessidades individuais do paciente. Ela destaca cinco elementos do cuidado: manter a confiança, estar presente, apoiar, informar e permitir escolhas.
Teoria da Promoção da Saúde de Nola Pender: Baseada no modelo de promoção da saúde, essa teoria enfatiza a capacidade do indivíduo de tomar decisões saudáveis, buscando um estilo de vida positivo e adotando comportamentos que promovam o bem-estar físico e psicossocial.
Teoria do Cuidado Materno-Infantil de Ramona Mercer: Essa teoria foca na interação mãe-bebê e nos cuidados de enfermagem durante a gravidez, parto e pós-parto. Ela enfatiza a importância do apego e da conexão emocional entre mãe e filho.
Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta: Essa teoria se baseia na identificação das necessidades humanas básicas, como respiração, alimentação, sono, segurança, entre outras. O enfermeiro trabalha para satisfazer essas necessidades e promover o bem-estar global do paciente.
Teoria do Desenvolvimento Humano de Erik Erikson: Embora seja uma teoria mais ampla do desenvolvimento humano, muitos enfermeiros a utilizam para compreender e cuidar de pacientes em diferentes estágios de vida. A teoria explora os estágios psicossociais que as pessoas atravessam e como isso afeta sua saúde e bem-estar.
Essas são apenas algumas das teorias de enfermagem existentes, cada uma com sua abordagem e enfoque específicos.
É importante ressaltar que as teorias de enfermagem não são prescritivas, mas fornecem uma base conceitual para orientar a prática de enfermagem, permitindo que os profissionais apliquem esses conceitos de acordo com as necessidades e particularidades de cada paciente e contexto de cuidado.
Outro aspecto fundamental da SAE é o dimensionamento de pessoal. A Resolução COFEN 543/2017 estabelece parâmetros para o dimensionamento do quadro de pessoal de enfermagem, levando em consideração fatores como o número de profissionais, as horas trabalhadas por paciente e a distribuição adequada de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.
Por exemplo, no artigo 3º é mencionado o referencial mínimo para o quadro de profissionais de enfermagem em uma unidade de internação, levando em consideração o Sistema de Classificação de Pacientes (SCP), as horas de assistência de enfermagem, a distribuição percentual do total de profissionais de enfermagem e a proporção profissional/paciente.
Para fins de cálculo, são estabelecidas as seguintes horas de enfermagem por paciente, durante as 24 horas:
Essas horas de enfermagem por paciente indicam a quantidade mínima de cuidados de enfermagem necessários em diferentes níveis de assistência, levando em consideração a complexidade e as demandas específicas de cada paciente.
É importante observar que essas horas são utilizadas como referência para o dimensionamento adequado do quadro de profissionais de enfermagem, visando garantir uma assistência de qualidade e segurança aos pacientes.
O dimensionamento adequado é essencial na Sistematização da Assistência de Enfermagem, para evitar a sobrecarga de trabalho e garantir a qualidade da assistência prestada.
Dentro da SAE, são utilizados diversos instrumentos que visam padronizar e garantir a segurança dos procedimentos realizados.
Um exemplo são os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs), que estabelecem as diretrizes e o passo a passo de cada procedimento específico.
Esses instrumentos são essenciais para orientar os profissionais de enfermagem e assegurar a qualidade dos cuidados prestados aos pacientes.
Os protocolos clínicos são instrumentos essenciais que ampliam a prática clínica do enfermeiro, fornecendo orientações sistemáticas e práticas para as condutas e tomadas de decisão em situações de prevenção, recuperação ou reabilitação da saúde.
Eles são baseados em evidências científicas e visam garantir a qualidade e a segurança dos cuidados prestados.
De acordo com o Ministério da Saúde, os protocolos clínicos devem ser delineados para serem utilizados tanto em nível ambulatorial como hospitalar. Sua utilização proporciona maior segurança ao usuário e ao profissional de saúde, pois norteia, organiza e padroniza os cuidados de saúde.
Isso reduz a diversidade nas formas de cuidado, incorpora novas tecnologias e fornece embasamento técnico-científico, legal e ético por meio do consenso da equipe de saúde da instituição.
É importante ressaltar que cada instituição pode elaborar seus próprios protocolos clínicos, levando em consideração as necessidades e peculiaridades locais. Um exemplo de instituição que disponibiliza diversos protocolos clínicos é a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG).
Eles possuem protocolos para diferentes condições, como sepse e choque séptico, pré-eclâmpsia, intubação em sequência rápida na pediatria, tratamento primário para fraturas expostas, entre outros. Esses protocolos podem ser acessados no site da FHEMIG.
O Procedimento Operacional Padrão (POP) é um instrumento amplamente utilizado nas organizações de saúde para padronizar e descrever passo a passo as atividades ou processos que devem ser executados, a fim de garantir resultados esperados.
Trata-se de um dos instrumentos da Sistematização da Assistência de Enfermagem, assim como o processo de enfermagem.
Pode-se dizer que POP é um documento final e elementar do processo de padronização, que fornece diretrizes claras para a realização das tarefas.
A padronização de tarefas é fundamental para promover a segurança e a qualidade nos cuidados de saúde.
Os POPs devem ser originados da necessidade da equipe de trabalho, com a participação ativa dos profissionais que irão utilizá-los no dia a dia.
A elaboração, validação e aplicação prática dos POPs devem ser realizadas de forma consensual, para garantir o comprometimento de todos.
Os POPs devem ser sucintos, redigidos em linguagem clara e embasados em conhecimento técnico-científico.
Quando se trata de procedimentos e atividades mais complexas, o uso de figuras, imagens e tabelas pode facilitar a compreensão por parte da equipe.
Alguns hospitais têm obtido sucesso na padronização das tarefas de enfermagem por meio de vídeos e incorporação de tecnologia.
Cada organização pode estabelecer seus próprios modelos de POPs, com formatos específicos para facilitar a identificação e gestão.
É importante que os documentos incluam numeração, data de elaboração, revisão, validação e implementação, além do título, nomes das pessoas envolvidas na elaboração e validação, conformidade com as legislações vigentes, resultados esperados, descrição dos materiais necessários, principais atividades, ações frente a riscos e não conformidades, e cuidados a serem tomados durante a execução da tarefa.
A utilização de padrões por meio dos POPs tem como objetivo uniformizar, reduzir riscos de falhas e garantir a qualidade dos serviços prestados pela equipe de enfermagem.
Isso impede que as condutas individuais interfiram nos resultados assistenciais, proporcionando segurança e assertividade no cumprimento das tarefas.
Um exemplo prático da importância da padronização é a atividade de administração de medicamentos endovenosos, onde é necessário estabelecer um método padrão para o preparo e administração desses medicamentos.
Os profissionais devem ser capacitados no padrão estabelecido para executar essa atividade de forma segura e com qualidade assistencial.
Um POP eficiente deve ser autoexplicativo, permitindo que um profissional execute a atividade apenas seguindo as instruções descritas. Portanto, deve ser simples, de fácil entendimento e conter todas as informações necessárias, evitando informações desnecessárias que possam dificultar a realização do procedimento.
Os POPs são essenciais para garantir a qualidade, a segurança e a padronização das práticas de enfermagem. Eles fornecem diretrizes claras para os profissionais, permitindo que realizem suas tarefas de forma correta, da primeira vez e em todas as vezes.
No Manual de Educação para Profissionais de Enfermagem do Coren-MG, é possível encontrar um modelo de POP e exemplos de títulos para esses procedimentos.
É importante destacar que o protocolo clínico se diferencia de outros instrumentos, como o Procedimento Operacional Padrão (POP).
Enquanto o protocolo clínico abrange um conjunto abrangente de ações para uma determinada condição, o POP é um documento mais detalhado, que descreve cada etapa específica de uma ação.
Por exemplo, o protocolo de sepse abrange todas as ações para intervir em um paciente com sepse, enquanto o POP pode abordar a administração de antibióticos como parte desse protocolo.
Em resumo, os protocolos clínicos desempenham um papel fundamental na prática de enfermagem, promovendo a padronização, a qualidade e a segurança dos cuidados prestados aos pacientes. Eles se baseiam em evidências científicas e fornecem diretrizes claras para os profissionais de saúde, contribuindo para uma assistência eficiente e eficaz.
A Sistematização da Assistência de Enfermagem desempenha um papel vital na prática de enfermagem em uma instituição de saúde.
Ela garante a aplicação do método científico na assistência, o dimensionamento adequado de pessoal e a utilização de instrumentos padronizados. Além disso, a SAE contribui para a segurança do paciente, a qualidade dos cuidados e a organização do trabalho da equipe de enfermagem.
A SAE abrange a aplicação do método científico na assistência de enfermagem, utilizando evidências e conhecimentos teóricos para embasar a tomada de decisões clínicas.
Além disso, inclui o dimensionamento adequado de pessoal, considerando o número de profissionais de enfermagem necessários para atender às demandas de cuidado. Também engloba a utilização de instrumentos padronizados, como protocolos e procedimentos operacionais padrão (POPs), que orientam a prática clínica de forma segura e consistente.
A Sistematização da Assistência de Enfermagem é um conjunto complexo de práticas que vai além do processo de enfermagem. Compreender a diferença entre SAE e processo de enfermagem é fundamental para uma atuação adequada e eficiente na área da enfermagem. A SAE engloba o método científico, o dimensionamento de pessoal e a utilização de instrumentos padronizados, resultando em uma assistência de enfermagem de qualidade e segura para os pacientes. Valorizar a importância da SAE contribui para a evolução da enfermagem e o aprimoramento dos cuidados de saúde como um todo.
HPV e relações sexuais? Ao receber um diagnóstico de HPV, é natural que surjam muitas…
A captura híbrida para HPV é um dos avanços mais importantes no diagnóstico de infecções…
As verrugas no ânus são uma condição médica que muitas vezes pode causar desconforto e…
Você sabe Com Quantas Semanas o Bebê Fica Acima do Umbigo? A gestação é um…
A partir de quantas semanas o bebe pode nascer ? A espera pelo nascimento de…
Depilação a laser e gravidez? Pode? A depilação a laser é uma opção popular para…