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Tudo o que Você Precisa Saber Sobre Sonda Nasoenteral/Sondagem Nasoenteral

Tudo o que Você Precisa Saber Sobre Sonda Nasoenteral/Sondagem Nasoenteral

O que é sonda nasoenteral ou sondagem nasoenteral?

A sonda nasoenteral, também chamada de sonda DOBBHOFF, é confeccionada em silicone ou poliuterano e tem a finalidade de oferecer alimentação quando o paciente não consegue deglutir (Gavagem).

É interessante ressaltar que gavagem significa, oferecimento de alimentos ao paciente quando o paciente não consegue alimentar pela boca, de forma natural, assim, a alimentação por sonda nasoenteral é realizada

Na sondagem nasoentérica, a sonda é posicionada no intestino delgado, mas precisamente no duodeno ou jejuno.

Muitas vezes, utilizamos também a sonda nasogástrica para alimentação do paciente.

Você sabe quais são as principais diferenças entre as sonda nasoenteral e nasogástrica?


Principais diferença entre a sonda nasogastrica e nasoenteral

Primeiro, vamos falar das vantagens de uma sobre a outra.

A sonda nasoenteral apresenta algumas vantagens em relação á sonda nasogástrica tais como:

  • É mais flexível e apresenta fio guia para auxiliar a sua passagem;
  • Permite a administração de dietas por um tempo prolongado (podendo chegar a meses)

Além disso, diferentemente da sondagem nasogástrica, em que a confirmação da posição da sonda pode ser conferida simplesmente pela ausculta gástrica, a sondagem nasoentérica necessita também de um Raio-x para a sua confirmação, onde esta confirmação é possibilitada por meio de marcas radiopatas na sonda nasoentérica.

Na sondagem nasoentérica, após o término de sua introdução no estômago, é necessário esperar que a sonda migre para o duodeno, depois disso, é realizado o Raio-X para a confirmação de sua localização.

Vale ressaltar que a sonda nasoenteral e nasogástrica,  ambas são utilizadas para dieta, no entanto a primeira é mais rígida e calibrosa, provocando maior desconforto no paciente e aumentando o risco para lesões durante a sua passagem.


Indicação da Sondagem Nasoenteral

Algumas situações dificultam ou impedem a alimentação pela boca como em pacientes:

  • inconscientes;
  • comatosos;
  • pré e pós operatórios de várias cirurgias;
  • com risco de aspiração pulmonar;
  • com retardo do esvaziamento estomacal grave;
  • com vômitos excessivos;
  • com refluxo gastroesofágico grave;
  • com anorexia dentre outras.

Vale ressaltar que a sondagem nasoenteral é um método de colocação da sonda no duodeno, pois é nesta porção do intestino que ocorre boa parte da absorção dos nutrientes.

No entanto é importante mencionar que, em alguns casos, a sonda não poderá situar-se no duodeno e sim no jejuno.

Pacientes com risco de aspiração pulmonar, refluxo gastroesofágico grave, retardo do esvaziamento gástrico e vômitos excessivos, a sonda nasoenteral a sonda deverá ser colocada no jejuno.

Mas você deve estar se perguntando qual seria o motivo, não verdade?

A resposta é a seguinte:

A sondagem duodenal gera um refluxo duodeno-gástrico!

Lembre-se que há uma sonda que atravessa todo o estômago e também piloro.

O piloro é um esfincter que localiza-se no final do estômago e que tem a função de regular a passagem do bolo alimentar que segue uma única direção no trato gastrointestinal.

Uma sonda atravessando esse esfincter faz com que com ele perca a sua função e cause um  refluxo duodeno-gástrico.

Neste sentido, em pacientes que já tem um quadro clínico marcado por refluxo gastroesofágico, vômito e outros, a sondagem duodenal não protege contra o risco de aspiração.


Calibre adequado das sondas para cada idade

As sondas nasoentéricas variam em calibres, assim é indicada as sondas de nº:

  • 6 Fr para neonatos de até 18 meses;
  • 6 a 8 Fr para crianças de 18 meses a 6 anos;
  • 6,8 a 12 Fr de criança com 6 anos até adultos.

Quem pode realizar a sondagem nasoenteral?

Somente o enfermeiro pode realizar esse procedimento segundo a resolução COFEN 277/2003.

Além disso, a RCD 63/2000 aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, estabelece no anexo III, item 6, que “é responsabilidade do enfermeiro estabelecer por via oro/nasogástrica ou transpilórica, para a administração de NE (Nutrição Enteral) conforme procedimento pré-estabelecido“.

Além disso, o mesmo documento cita que “é de responsabilidade de o enfermeiro encaminhar o paciente para exame radiológico, visando à confirmação da localização da sonda“.


Materiais Necessários

O material para passar sonda nasoenteral envolve:

  • Bandeja ou cuba rim não estéril;
  • Carrinho de curativo ou superfície fixa ou mesa auxiliar;
  • Sonda nasoenteral com calibre adequado e com peso de tungstênio;
  • Soro glicosado 10% e equipo;
  • Seringa de 3 ml, 5 ml, 10 ml ou 20 ml;
  • Pacote de gaze não estéril;
  • Micropore ou esparadrapo impermeável para fixação;
  • Lubrificante (lidocaína gel 2% sem vasoconstrictor);
  • Tesoura;
  • Sabão líquido;
  • Flaconetes de água destilada, se neonatos;
  • Fios de gaze não estéril ou fios de algodão;
  • Álcool 70%;
  • Toalha e lenço de papel;
  • Equipamentos de proteção individual (máscara cirúrgica, gorro, óculos de proteção, capote não estéril ou avental);
  • Estetoscópio;
  • Biombo.


Sonda nasoenteral tecnica

Por motivos didáticos separamos a técnica de sondagem nasoenteral em 3 etapas:

  1. Preparação;
  2. Marcação da Sonda;
  3. Introdução da Sonda;
  4. Teste de Posicionamento da Sonda;
  5. Fixação da Sonda
  6. Realização do RX
  7. Organização do Ambiente e Conforto do Paciente.

Para passar a sonda nasoenteral, o enfermeiro deve seguir alguns passos sequenciais descrito divididos em 3 tempos são eles:

Primeira Etapa: Preparação

A etapa de preparação da sondagem nasoentérica envolve toda a preparação para a realização do procedimento com reunir o material necessário, fazer a checagem do paciente, prescrição e verificação de contraindicação.

É orientado verificar junto ao paciente, se o mesmo está menos há pelo menos 4 horas em jejum.

Pois a presença de alimentos no estômago pode causar enjôo e vômitos durante a realização do procedimento.

Vamos aos passos:

  • Verificar a prescrição médica;
  • Lavar as mãos com água e sabão observando a técnica correta;
  • Reunir todo o material;
  • Selecionar o calibre do cateter de acordo o paciente;
  • Apresentar-se educadamente ao paciente e/ou familiares;
  • Verificar a identificação do paciente;
  • Orientar e explicar o objetivo do paciente pedindo a sua autorização;
  • Levar todo o material para próximo do paciente;
  • Utilizar de biombo para a manter a privacidade do paciente, caso seja necessário;
  • Posicionar o paciente na Fowler ou sentado, de preferência com um ângulo de 30 a 45º.
  • Caso o paciente não tenha condições de ficar na posição de fowler ou sentada, ou mesmo não ter a cabeceira elevada, mantê-lo em posição de decúbito dorsal inclinando apenas a cabeça para frente;
  • Cortar 3 tiras de adesivo: duas largas para a fixação do cateter e uma fina para a sua fixação;
  • Colocar os itens de proteção individual: máscara, gorro, avental e óculos de proteção, se necessário;
  • Proceder a higienização das mãos com álcool em gel;
  • Calçar as luvas de procedimento.
  • Verificar se há a necessidade de aspiração das vias aéreas;
  • Proceder a higienização das narinas com soro fisiológico 0,9%;
  • Remover prótese dentária, colocando-a em local apropriado;
  • Proceder a avaliação das narinas quanto a desvio de septo, obstrução nasal.

Observação: A avaliação das narinas pode ser feito pedindo ao paciente para, com auxílio de uma das mãos, fechar uma narina, inspirar e em seguida expirar, repetindo a ação na outra narina;

Segunda Etapa: Marcação da Sonda

Após reunir todo o material e preparar o para o procedimento, chegou o momento de fazer a marcação da sonda.,

Os critérios para realizar a marcação são:

  1. Via nasal: Medir do lobo inferior da orelha até a ponta do nariz, e deste ao apêndice xifoide, acrescentando entre 20 a 30 cm, de acordo com o biotipo do paciente;
  2. Via oral: Medir do lobo inferior da orelha ao centro da boca, e deste até o apêndice xifoide, acrescentando entre 20 a 30 cm de acordo com o biotipo do paciente;
  • Em seguida, o enfermeiro marca o ponto determinado com a tira estreita de esparadrapo. Pode ser usado também uma caneta a prova d’água;

Terceira Etapa: Introdução da Sonda

Agora chegou o momento de iniciar a introdução da sonda.

Para isso é necessário aplicar 3 ml de lubrificante (lidocaína gel 2% sem vasoconstrictor) e aguardar 3 minutos para que haja efeito anestésico.

Além disso, deve-se lubricar a parte distal cateter com o mesmo lubrificante.

Observação: Para a introdução pela via oral não é necessário lubricar.

Vamos aos passos:

  • Iniciar a introdução pela narina escolhida ou via oral, fixando o cateter na mão dominante com segurança;
  • Introduzir até sentir uma pequeno estreitamento, caso for a via nasal. Caso houver manutenção da resistência, retirar a sonda, reavalie o calibre e introduza noutra narina;
  • Quando o cateter chegar na orofaringe, peça ao paciente para deglutir ou flexione parcialmente a sua cabeça. Isto facilitará a passagem da sonda pelo esôfago;

Importante: Durante a passagem da sonda nasoentérica, observar se há a presença de tosse, cianose e sinais de estimulação vagal como apneia e bradicardia. Nestes casos, deve-se retirar a sonda imediatamente.

  • Continuar a introduzir a sonda até chegar no ponto delimitado;
  • Retirar o fio guia;

Quarta Etapa: Teste do Posicionamento da Sonda

A confirmação do posicionamento da sonda será feito em dois momentos:

  1. Teste de posicionamento – Imediatamente após a realização do procedimento para verificar se a sonda está no estômago;
  2. Confirmação do posicionamento no duodeno – através do Raio X.

O teste do posicionamento da sonda pode ser realizado de duas maneiras, através do:

  1. Teste da ausculta – Basta injetar ar utilizando uma seringa de 10 ml (volume indicado para pacientes adultos) e ao mesmo tempo, auscultar a região epigástrica com um estetoscópio. Após a realização do teste, retirar o ar.
  2. Teste do conteúdo gástrico – Basta aspirar o conteúdo gástrico avaliando o volume drenado e o aspecto.

Após verificar posicionamento correto da sonda, proceder a fixação da sonda.

Caso não esteja no estômago, a sonda deverá ser imediatamente retirada e reintroduzida!

Quinta Etapa: Fixação da Sonda

Agora que verificamos que a sonda está no estômago, devemos proceder a sua fixação.

Vale ressaltar que uma sonda bem fixada preveni a sua retirada ou seu deslocamento.

Uma sonda mal fixada gera incomodo e desejo do paciente em retirá-la. Além disso, torna-se fácil o seu deslocamento numa simples mobilização do paciente.

Como proceder a  boa fixação da sonda?

  • Primeiro realizar a limpeza e retirada da oleosidade do nariz com álcool 70% para facilitar a fixação do esparadrapo, fio de algodão da gaze não estéril ou cordão de algodão. Não esqueça de proteger os olhos do paciente;
  • Em seguida, fixar com cordone de algodão na parte demarcada do cateter fixando de forma centralizada posicionando-o no nariz;
  • Orientar para que o paciente fique em decúbito lateral direito para que a passagem da sonda pelo piloro seja facilitada pelo peristaltismo gástrico, caso o paciente não tenha limitação para isso;
  • Fechar a sonda até que o seja feito a confirmação de posicionamento por raio-x;
  • Providenciar a identificação do cateter utilizando uma tira de esparadrapo com informações do calibre e data da instalação;

Vale enfatizar: Para fixar a sonda, deve-se utilizar uma fita adesiva hipoalergênica, tipo micropore.

O enfermeiro deve desengordurar a região da face para facilitar a aderência. A troca da fixação deve ser feita periodicamente, modificando o local sempre quando há sinais de irritação ou lesão na pele.

Sonda fixada, é o momento de partirmos para a sexta etapa.

Sexta Etapa: Realização do RX

Providenciar a realização do RX para confirma a posição do cateter.

Sétima Etapa: Organização do Ambiente e Conforto do Paciente

Após a execução do procedimento e confirmação do posicionamento da sonda no duodeno, o enfermeiro deve realizar a organização do ambiente e promover conforto ao paciente.

Vamos aos passos:

  • Colocar o paciente em uma posição confortável;
  • Providenciar a organização da unidade do paciente;
  • Desprezar o material não reutilizável no local apropriado;
  • Retirar todos os materiais de proteção individual;
  • Proceder a higienização das mãos conforme técnica correta;
  • Fazer as anotações necessárias, assinar e carimbar.

Leia também:

Tudo Sobre Sondagem Nasogástrica

Tudo Sobre Lavagem Gástrica

Sondagem Gastrointestinal!


O que acontece quando há a retirada acidental da sonda nasoenteral?

O paciente retirou retirou parte ou totalmente a sonda!

E agora, o que fazer?

Veja que esse comportamento é comum em toda unidade hospitalar.

É comum o paciente internado retirar a sonda nasoenteral!

Lembre-se, os pacientes que estão ali internados porque estão com alguma desestabilização orgânica.

Além disso, um dos motivos da sondagem nasoenteral é própria diminuição do estado de consciência que os impossibilita de alimentar-se.

Agra imagine você, deitado num leito com um dispositivo afixado nas narinas. Você certamente sentirá pelo menos um leve incômodo, não é verdade?

Num paciente com queda de consciência, ele certamente poderá tentar retirar esse incômodo.

É claro que existem meios de minimizar este incômodo e este é um papel da equipe de enfermagem.

Mas antes, vamos falar de como procedermos quando este pequeno problema acontece!

Mas isto é simples!

Basta o enfermeiro repassar novamente a sonda, desde que seja no mesmo paciente.

No entanto, o enfermeiro deve avaliar a sonda a fim de verificar se a mesma está adequada para o reuso.

Caso a sonda apresenta rachaduras e alteração da cor, devem ser desprezadas.


Durabilidade das sondas nasoenterais

Vale ressaltar que as sondas nasoenterais, quando ha uma manutenção adequada, apresentam uma durabilidade bem boa, cerca de:

  • 6 meses para sondas de silicone; e
  • de 30 a 60 dias para sondas de poliuterano.

Neste sentido, é importante mencionar quais são as ações de enfermagem para manter a durabilidade da sonda.


Quais são as complicações relacionadas ao uso de sonda nasoenteral?

As complicações complicações da sonda nasoenteral podem ser divididas em três tipos

  1. Complicações mecânicas;
  2. Complicações gastrointestinais;
  3. Complicações metabólicas; e
  4. Complicações respiratórias.

Complicações mecânicas

As complicações mecânicas referem-se a complicações geradas na introdução da sonda ou no mau uso da mesma, e ocorrer quando há:

  • obstrução da sonda;
  • retirada ou deslocamento; e
  • ferida nasal.

Obstrução da sonda

Ao injetar a dieta ou medicação, o enfermeiro observa uma dificuldade ou ausência do fluxo.

Ocorreu portanto uma obstrução da sonda.

A obstrução da sonda é causada geralmente por resíduos de medicamentos ou da dieta que se aderem ao lúmen obstruindo ou dificultando a passagem da dieta ou medicamentos.

Neste caso, é necessário lavar a sonda.

Como lavar a sonda?

O enfermeiro deve:

  • Pegar uma seringa de 20 ml com água morna e em seguida;
  • Injetar e aspirar a água até desobstruir a sonda.

Importante: Caso a sonda não se desobstrua, deve-se trocar a sonda.

É importante mencionar que, quando são administrados medicamentos diferentes ao mesmo tempo, há um risco maior de entupimento.

Isto porque os medicamentos interagem entre si formando como se fosse uma massa de cimento.

Eles grudam com maior facilidade no lúmen da sonda aumentando a chance de entupimento além de ser uma fonte de bactérias que estragam o dispositivo e aumenta o risco de infecção.

Por isso é recomendado dar um medicamento por vez.

Além disso é orientado a dar a administrar os medicamentos longe das dietas, pois o alimento também pode interagir com o medicamento.

Deslocamento ou retirada total da sonda

O deslocamento ou retirada total da sonda é outra complicação paciente com sonda nasoenteral.

A mobilização inadequada do paciente pode deslocar a sonda tirando-a do local adequado. Da mesma forma, pacientes com agitação psicomotora podem tirá-la totalmente puxando o dispositivo.

Como já dito nesta matéria, a sonda mal fixada é uma das razões para o seu deslocamento ou retirada por parte do paciente.

De forma que qualquer mobilização do paciente pode deslocar a sonda.

Para verificar se isto aconteceu, basta observar a  marcação com fita adesiva próxima a narina, colocada antes da instalação. Ela auxilia na avaliação de deslocamento da sonda.

É importante mencionar que, ao observar que há uma porção tracionada, a mesma não deve ser reintroduzida nas narina.

Antes de tudo, é necessário reavaliar a posição da sonda.

Diante do deslocamento da sonda deve-se:

  • Interromper instantaneamente a dieta;
  • Repassar a sonda, quando esta apresentar boa integridade;
  • Após a repassagem, fixar a sonda adequadamente no nariz do paciente;
  • Evitar fixar a sonda com fita em excesso pois o incômodo pode fazer com que o paciente tire ou tracione o dispositivo.

Ferida Nasal

A ferida nasal é outra complicação da paciente com sonda nasoenteral.

Como ele ocorre?

Ela surge através de alergias ou atrito da asa de nariz com a sonda.

Neste sentido, o enfermeiro deve tomar alguns cuidados para prevenir a surgimento da ferida nasal através de:

  • Usar protetores cutâneos sem álcool antes de fixar os adesivos;
  • Usar fitas hipoalérgicas como o micropore;
  • Ao trocar as sondas, fazer o revezamento de narina.

Complicações Gastrointestinais

A sonda nasoentérica podem causar complicações gastrointestinais como:

  • Diarreia;
  • Constipação;
  • Náusea e vômitos.

Diarreia

A diarreia é a complicação mais frequente do uso de sonda nasoentérica, uma vez que pode ser causada por inúmeros fatores como:

  • infecção cruzada como a má higiene das mãos ou erro da técnica de lavagem das mãos;
  • limpeza inadequada dos frascos e equipos;
  • antibioticoterapia pois alteram a flora intestinal;
  • intolerância á formulação da dieta;
  • má refrigeração da dieta e falta de preparo da mesma, dentre outros.

Aqui, achamos prudente definir o que é diarreia.

Um quadro de diarreia é caracterizado por eliminação de fezes amolecidas ou líquidas, com mais de 3 evacuações por dia, num período de 24 horas.

O tratamento deste complicação envolve:

  • retirar a causa;
  • proceder a antibioticoterapia;
  • hidratação; e
  • reposição de sais minerais.

Constipação

Outra complicação da sonda nasoenterica é a constipação.

A constipação é uma condição de mau funcionamento do intestino e é caracterizado por:

  • evacuações insatisfatórias;
  • fezes muito endurecidas;
  • esforço excessivo para evacuar; e
  • espaço de tempo muito longo entre uma evacuação e outra.

Geralmente a constipação surgem em um paciente com sonda nasoenteral porque:

  • não receberam uma quantidade adequada de fibras na dieta;
  • tem uma ingesta baixa de água;
  • receberam medicações que apresentam efeito adverso de retardar o transito intestinal.

Ao avaliar o paciente e identificar constipação, o enfermeiro deve:

  • Avaliar a quantidade de fibra da dieta;
  • Junto ao serviço de nutrição e médico, propor alteração;
  • Aumentar a oferta de água, caso não tenha contraindicações;
  • Administrar conforme prescrição médica, medicamentos que ajudam a normalizar o funcionamento intestinal;
  • Incentivar a deambulação, caso o paciente apresente condições;
  • Proceder o toque retal para identificar facalomas.

Náuseas e vômitos

Outra complicação que pode ser observada em um paciente com sonda nasoenteral, é a presença de náuseas e vômitos.

Náusea pode ser definida como uma sensação subjetiva, muito desagradável, percebida na região epigástrica e na garganta e que pode acompanhar ou preceder o vômito.

Já vômito pode ser definido como a expulsão rápida e forçada de conteúdo do estômago por meio da cavidade oral.

A náusea e o vômito pode surgir no paciente com sonda nasoenteral, através:

  • do deslocamento da sonda ou do reposicionamento no estômago;
  • infusão muito rápida da dieta; e
  • posição incorreta do paciente ao receber a dieta ou após a mesma.

Agora que identificamos como surge esta complicação, vamos abordar o seu manejo.

O manejo da náusea e vômito envolve:

  • Administração de medicação antiemética;
  • Atentar para não administrar a dieta numa velocidade rápida e verificar a posição do paciente;
  • Avaliar possibilidade de gastrostomia, caso seja indicado.

Complicação respiratória

Uma complicação respiratória proveniente da utilização da sonda nasoenterica é a broncoaspiração.

Que por sinal é uma complicação bastante grave devido ao risco de morte.

Isto porque a entrada de conteúdo gástrico no trato respiratório pode levar á pneumonia aspirativa.

Por isso é importante verificar a posição da sonda e administrar a dieta com o paciente numa posição adequada.

São sinais e sintomas da broncoaspiração:

  • Vômito;
  • Tosse;
  • Náusea;
  • Agitação;
  • Cianose;
  • Sudorese;
  • Ronco;
  • Dispneia;
  • Febre; e
  • Escarro purulento.

O importante é reduzir ao máximo o risco de aspiração através das seguintes ações:

  • Administrar dieta numa velocidade adequada;
  • Durante a dieta, o paciente deve estar posicionado com a cabeceira elevada (mínimo de 45º);
  • Após o término da dieta, o paciente deve ainda permanecer por 1 hora com a cabeceira elevada;
  • Pausar a dieta, quando haver necessidade de realizar outros procedimentos como transportar ou mobilizar o paciente.

Vale ressaltar que o risco de broncoaspiração é bem menor em sondas que tenham o posicionamento pós-pilórico como a sondagem nasoentérica, jejunostomia e gastrostomia.

A sondagem nasosogástrica apresenta um risco bem maior.

Complicações Metabólicas

As complicações metabólicas que podem surgir no paciente com sonda nasoentérica envolvem a desidratação e os distúrbios hidroeletrolíticos.

Desidratação

A desidratação pode surgir de outras complicações da sondagem nasoenteral como o paciente com vômitos e diarreia, com perspiração (sudorese) ou da administração insuficiente de água.

Quais são os sintomas da desidratação?

Os sintomas da desidratação envolvem:

  • Taquicardia;
  • Turgor cutâneo diminuído;
  • rebaixamento do nível de consciência;
  • Hipotensão.

Como manejar a desitração?

O enfermeiro deve:

  • Aumentar a oferta hídrica, caso não haja contraindicação;
  • Reidratação venoso, com soro fisiológico hipotônico ou soro glicosado 5%.

Distúrbios Hidroeletrolíticos

Outra complicação que pode surgir no paciente com sonda nasoentérica são os distúrbios hidroeletrolíticos.

Eles podem surgir do excesso ou da escassez da oferta de água.

Como diagnosticar/avaliar

Através do exame físico, o enfermeiro consegue observar:

  • Sinais e sintomas que sugerem hipervolemia como falta de ar, edema periférico e estertores;
  • Sinais e sintomas que sugerem hiponatremia como cefaleia, letargia, náusea, vômito, alteração do estado mental e cólica abdominal;
  • Sinais e sintomas que sugerem hipercalemia como náuseas, diarreia, arritmias e fraqueza muscular.

Cuidados de enfermagem com sonda nasoenteral

Para facilitar a compreensão vamos falar sobre as ações de enfermagem quanto a fixação, manutenção da durabilidade da sonda e ações durante o fornecimento da dieta.

Ações de enfermagem quanto a fixação da sonda!

Um dos cuidados de enfermagem com sonda nasoenteral é a avaliação criteriosa e rotineira da fixação do cateter.

São cuidados de enfermagem quanto a fixação da sonda:

  • Trocar a fixação sempre quando estiver solta ou suja;
  • Ao retirar a fixação antiga deve-se limpar região do nariz com água e sabão. Tome cuidado para não puxar a sonda junto;
  • Fixar a sonda sem atrapalhar a visão e nem os movimentos da boca para falar;
  • Atentar-se para que a sonda não dobre e puxe a narina;
  • Observar flogísticos na pele como vermelhidão. Neste caso, fixar a sonda em outro local.

Ações de enfermagem para a durabilidade da sonda!

É importante que o enfermeiro responsável sempre:

  • Lave a sonda com água e sabão;
  • Lave internamente com água utilizando uma seringa de 20 ml;
  • Verifique se a sonda está íntegra.

Caso a sonda esteja rígida, com furos e/ou rachaduras, com secreções firmemente aderidas, deverá ser desprezada.

Vale enfatizar, uma sonda nasoenteral bem cuidada pode durar por meses.

Ações de Enfermagem durante a realização da dieta!

Durante a realização da administração da dieta, o enfermeiro deve:

  • Manter o paciente na posição de fowler ou sentado, de preferência 30 a 45º. Caso o paciente não possa ficar nesta posição, inclinar a sua cabeça para frente;
  • Sempre checar a confirmação radiológica e verificar a posição do cateter antes de iniciar a dieta. Recomenda-se que esta ação seja feita de 6 em 6 horas;
  • Verificar a validade dos frascos de dieta;
  • Interromper a infusão durante transporte intra-hospitalar e quando há realização de procedimentos que necessitem da cabeceira abaixada;
  • Checar os horários de administração da dieta;
  • Informar o Serviço de Nutrição e Dietética quando há interrupção da dieta como em casos de realização de exames, vômitos e retirada ou deslocamento da sonda;
  • Ao instalar a dieta enteral, dê preferência em utilizar bomba de infusão;
  • Utilize da dupla checagem para prevenir erros. Peça a outro profissional que cheque junto com você a dieta;
  • Providencie a identificação do equipe e o troque a cada 24 horas;
  • Avalie se o paciente está tolerando bem a dieta. Se o paciente apresentar distensão abdominal, diarreia, náusea e vômitos, deve-se comunicar ao médico e nutricionista;
  • Pesar o paciente, no mínimo, 1 vez por semana;
  • Ao administrar medicamentos, deve-se clampar o equipo da dieta e em seguida, lavar o cateter com 20 ml de água, antes e após a administração do medicamento. Só depois retornar com o fluxo da dieta;
  • Administrar água filtrada de acordo prescrição médica;
  • Ao realizar procedimentos que provoquem reflexo de tosse e vômito ou que necessitem de abaixar a cabeceira, deve-se desligar a dieta pelo menos 15 minutos antes;
  • Realizar a higiene da cavidade oral do paciente.

Exercícios de Fixação

Questão 1

14. Sonda de Dubbof é utilizada para o procedimento de:
a – sondagem retal.
b – sondagem enteral.
c –  sondagem gástrica.
d – sondagem vesical.

Questão 2

20. A sonda nasoenteral possui as seguintes vantagens sobre a sonda nasogástrica:
a – diâmetro pequeno.
b – é mais flexível.
c – contém marcas radiopacas para visualização no raio-X.
d – não há vantagens.
e – alternativas a, b e c estão corretas.

Questão 3

É atividade exclusiva do enfermeiro:
a –  realizar intubação orotraqueal.
b – passagem de sonda nasoenteral.
c – realizar punção arterial.
d – realizar consulta de enfermagem.

Questão 4

A certificação da posição da sonda nasoenteral é feita de que forma?
a -Aspiração de conteúdo gástrico.
b – Ausculta do ar chegando ao jejuno.
c – Raio-X abdominal.
d – Ausculta do ar chegando ao estômago.

Questão 5

A principal conduta no momento de se instalar a dieta por sonda é:
a – checar o posicionamento da sonda.
b – instalar a dieta ainda quente.
c – sentar o paciente.
d – sempre trocar o equipo.

Questão de Concurso

Questão 1

Ano: 2018 Banca: UFPR
O padrão ouro para verificar o posicionamento correto da sonda nasoenteral é por meio:

A – de radiografia.
B – da obtenção do PH.
C – do teste do copo.
D – da ausculta de ruídos hidroaéreos.
E – da insuflação de ar na sonda.

Questão 2

Ano: 2010 Banca: CESPE
A respeito da técnica de lavagem e manutenção de sonda nasoenteral, julgue os próximos itens.

Em caso de retirada acidental, uma mesma sonda nasoenteral não pode ser repassada no mesmo paciente, ainda que esteja íntegra.
(    ) Certo
(    ) Errado

Questão 3

Ano: 2015 Banca: PR-4 UFRJ

A aspiração pulmonar é a principal complicação da nutrição por meio da sonda nasoenteral. Em caso de pacientes acamados, o principal cuidado que o profissional de enfermagem deve realizar para prevenir esta complicação é o de:
A – medir o resíduo gástrico e devolvê-lo ao estômago, se o volume for inferior a 10 ml.
B – confirmar o posicionamento da sonda.
C – lavar a sonda com 30 ml de água.
D – elevar a cabeceira da cama em pelo menos 30º.
E – observar a característica do conteúdo gástrico aspirado.

Questão 4

Ano: 2010 Banca: CESPE
A respeito da técnica de lavagem e manutenção de sonda nasoenteral, julgue os próximos itens.

Deve-se evitar a troca do local da fixação da sonda, a fim de prevenir a irritação e escamação da pele.
(   ) Certo
(   ) Errado

Questão 5

Ano: 2010 Banca: CESPE
A respeito da técnica de lavagem e manutenção de sonda nasoenteral, julgue os próximos itens.

É recomendado limpar diariamente a narina na qual a sonda está introduzida, utilizando-se cotonete embebido em água, soro fisiológico ou loção de ácidos graxos essenciais.
(   ) Certo
(   ) Errado

Questão 6

Ano: 2010 Banca: CESPE
A respeito da técnica de lavagem e manutenção de sonda nasoenteral, julgue os próximos itens.

Deve-se administrar os medicamentos um a um; ao término da administração de todos eles, deve-se lavar a sonda com 10 mL a 20 mL de água em uma seringa, uma única vez, para manter sua permeabilidade.

(   ) Certo
(   ) Errado


Gabarito

Questão 01 – B

Questão 02 – E

Questão 03 – B

Questão 04 – C

Questão 05 – A

Questões de Concurso

Questão 01 – A

Questão 02 – Errado

Questão 03 – D

Questão 04 – Errado

Questão 05 – Certo

Questão 06 – Errado


Referências Bibliográficas

BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução N°º277, de 16 de junho 2003. Disponível em <https://www.cofen.gov.br>. Acesso em 19 de outubro de 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 63, de 6 de julho de 2000.

JARDIM, Gilsaine dos Santos; MAHMUD, Sati Jaber. Avaliação e Manejo de Intercorrências com Sondas para Nutrição Enteral. São Luiz: Programa Multicêntrico de Qualificação em Atenção Domiciliar a Distância, 2013.

PRADO, M. L.; GELBCKE, F. L. Fundamentos para o cuidado profissional de enfermagem. Florianópolis: Cidade Futura, 2013.

Procedimento Operacional Padrão. Cateterismo Entérico. Departamento de Enfermagem UfSC NEPEN/DE/HU. 2016.

POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de Enfermagem 7. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

Marcus Vinícius

Enfermeiro, Servidor Público, Coordenador Técnico do CAPS 1 de Lagoa da Prata-MG, empreendedor e blogueiro que dedica parte do seu tempo para a partilha de material de grande qualidade relacionados a Enfermagem e Sáude Pública.

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