O teste do Pezinho
Tudo O Que Você Precisa Saber Sobre o Teste do Pezinho!
O “teste do pezinho” ou triagem neonatal é um conjunto de ações que visam identificar precocemente em crianças, doenças genéticas, metabólicas, enzimáticas e endocrinológicas, para que estas possam ser tratadas em tempo adequado, prevenindo sequelas e até mesmo a morte.
Quem tem direito de realizar o teste do pezinho?
Todas as crianças nascidas em território nacional tem direito ao teste do pezinho. No entanto, para alcançar efetivamente o objetivo do exame, é necessário que o mesmo seja feito no momento e na forma adequados.
O teste do pezinho se faz com quantos dias?
O Ministério da Saúde (2016), recomenda que a coleta da primeira amostra seja realizada entre o 3º e o 5 dia de vida do bebê. O ideal é entre após as primeiras 48 horas e vida e o 7 dia de vida da criança.
Vale ressaltar que a coleta pode ser realizada até no máximo até 28 dias de vida sob o risco do teste dar um resultado falso positivo.
Lembre-se que o período neonatal é aquele correspondente entre o nascimento e o 28º dia de vida da criança.
Se o exame é realizado após 28 dias de vida da criança, o exame deixaria de ser uma triagem neonatal, você concorda?
Mas há uma exceção: Em casos de impedimento da realização do teste por força maior (ex. moradia em locais de difícil acesso para trabalhadores da área da saúde), a coleta pode ser realizada em caráter de urgência após os 28 dias de vida da criança.
A coleta deve ser realizada com punção na região lateral do calcâneo. Veja a figura abaixo:
Vale ressaltar que, ao puncionar no centro do calcâneo, há risco de atingir o osso e isso pode gerar uma osteomielite.
Portanto, sempre puncione as laterais do pé da criança e evite o centro do calcâneo.
As amostras deverão ser colhidas em papel filtro
Quais são as doenças que podem ser prevenidas com o teste do pezinho?
A teste do pezinho pode identificar:
- Fenilcetonúria;
- Hipotireoidismo congênito;
- Fibrose cística;
- hiperplasia adrenal congênita;
- deficiência de biotinidase;
- doença falciforme e outras hemoglobinopatias
A Fenilcetonúria
A fenilcetonúria é uma condição caracterizada por um erro inato do metabolismo, de caráter autossômico recessivo (doença genética).
A doença é causada pela mutação do gene responsável pela codificação da enzima fenilalanina-hidroxilase que atua no fígado transformando o aminoácido fenilalanina em tirosina.
O aumento da fenilalanina no sangue, acima de 10 mg/dl, promove a entrada desse aminoácido no Sistema Nervoso Central, provocando um efeito tóxico gerando várias manifestações como:
- Retardo mental;
- Perda de função intelectual;
- dor “de rato” na pele, da urina e dos cabelos, devido ao acúmulo de fenilcetato;
- Hipopigmentação e eczema.
Quais são os principais alimentos proibidos para pacientes com diagnósticos de fenilcetonúria?
Os pacientes com diagnóstico de fenilcetonúria deverão evitar os alimentos que apresentam alta quantidade de fenilalanina como:
- Carnes e seus derivados;
- Feijão;
- soja;
- Ervilha;
- Grão-de-bico;
- Amendoim;
- lentilha;
- Leite e derivados;
- Ovos;
- Achocolatado;
- nozes;
- Bolos;
- Gelatinas;
- Farinha de trigo;
- Alimentos industrializados com altos teores de fenilalanina;
- Pães em geral;
- Biscoitos; e
- Alimentos para fins especiais contendo aspartame.
O diagnóstico precoce por meio do teste do pezinho, permite o controle da doença por meio do controle dietético.
O bebê irá receber alimentos contenham baixo teor de fenilalanina durante toda a vida.
Vale ressaltar que o teste do pezinho deverá ser realizado somente após 48 horas de nascimento, para que o aumento da fenilalanina possa ser detectado.
É fundamental que a criança tenha ingerido uma quantidade grande de proteína, ou seja, o bebê precisa amamentar bem.
Além disso, é recomendado colher três amostras no teste do pezinho quando o bebê for:
- de baixo peso ao nascer (abaixo de 2500 kg);
- gravemente enfermo;
- pré-termo (antes de 36 semanas e 6 dias).
Como realizar o teste do pezinho?
Vamos descrever o procedimento do teste do pezinho através dos seguintes passos:
- Lavar as mãos;
- Em seguida calçar luvas;
- Colocar a criança numa posição em que o calcanhar fiquem abaixo do nível do coração para que haja boa circulação para a coleta;
- Orientar a mãe ou o pai para segurar a criança com a cabeça encostada em seu ombro;
- Posicionar-se sentado, ao lado da bancada e de para o adulto que está segurando a criança;
- Realizar a assepsia do calcanhar com gaze esterilizada ou algodão, levemente umedecido com álcool 70%;
- Massagear bem o local para ativar a circulação;
- Certificar-se que o local esteja avermelhado;
- Recomenda-se esperar o álcool secar e nunca utilizar álcool iodado ou antisséptico colorido pois podem interferir nos resultados;
- Em cidades que apresentem temperatura mais fria, é necessária aquecer o pé do bebê com bolsa de água quente (máximo de 44ºC ), por cerca de 5 minutos. O pé do bebê deve estar de meia ou coberto com tecido fino e limpo.
- Vale ressaltar que o frio provoca vasoconstricção e dificuldade na coleta do sangue;
- A punção deverá ser realizada obrigatoriamente com especificações ditadas pelas Secretarias Municipais de Saúde como serem estéril, descartáveis, como profundidade entre 1,8 mm e 2,0 mm e largura entre 1,5 mm e 2,0 mm, autorretrateis e atender a NR 32, segundo o Ministério do Trabalho;
- Escolher o local adequado para a punção (laterais da região plantar do calcanhar para evitar atingir o osso);
- Segure o pé e o tornozelo da criança, de forma a envolver o dedo indicador e o polegar no calcanhar inteiro da criança promovendo a imobilização sem prejudicar a circulação.
- Após a completa secagem do álcool, realizar a punção;
- Esperar a formação de grandes gotas de sangue;
- Retirar utilizando a gaze ou o algodão seco, a primeira gota de sangue que se formou (a primeira gota pode conter fluidos corporais que podem interferir nos resultados);
- Encostar o papel filtro na nova gota que se formou, fazendo movimentos circulares com o cartão, de forma a completar toda a região dos círculos;
- Evite que o sangue forme gotas no cartão e coagule nem no cartão e nem no pé da criança;
- O papel filtro encharcado com sangue além dos limites dos círculos inviabilizam a amostra;
- Evite completar espaços de círculos que já tiveram a amostra coleta para evitar sobreposição de camadas de sangue, o que inviabiliza a amostra;
- Caso forme um tampão de coagulação no local da punção, realizar a retirada com massagem e passe o algodão ou gaze com firmeza. Se continuar a interrupção do sangramento, realizar ou punção no mesmo local da última punção de forma a favorecer aumento do fluxo de sangue;
- Se mesmo assim não voltar a sangrar, puncionar o outro pé;
- Nunca vire o papel-filtro para fazer a coleta dos dois lados;
- Realizar a verificação da qualidade da amostra, levantando-a acima de sua cabeça e observe contra a luz. Todo o círculo deverá estar translúcido e o sangue deve estar espalhado de forma homogênea;
- Colocar a criança deitada e realizar o curativo.
- Deve-se comprimir de forma leve o local da punção utilizando algodão ou gaze até que o sangramento cesse.
- Após realizar o curativo, é o momento de realizar a secagem das amostras que deve ser feito em temperatura ambiente (15ºC a 20º por um tempo de 3 horas) em dispositivo apropriado.
- Enviar as amostras ao laboratório.
Fontes para Consultas
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 822, de 06 de junho de 2001. Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o Programa Nacional de Triagem Neonatal – PNTN. Brasília, DF; 2001. [ Links ]
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.829, de 14 de dezembro de 2012. Inclui a Fase IV no Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), instituído pela portaria n 822/GM/MS de 6 de junho de 2001. Brasília, DF; 2012. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/>. Acesso em 13 de janeiro de 2020.
MONTEIRO, Teresinha; CÂNDIDO, Lys. Fenilcetonúria no Brasil: Evolução e Casos. Revista de Nutrição, Vol. 19, nº3, Campinas, Mai-Jun de 2016. Disponível em <http.scielo.br>. Acesso em 13 de jan. de 2020.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Triagem neonatal biológica: manual técnico. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2016.