Antes de listarmos quais são os tipos de choque, é interessante entendermos o que é o estado de choque!
Choque pode ser definido como um reação desencadeada pelo organismo quando a circulação sanguínea não é suficiente para perfundir órgãos vitais do corpo. Caso a causa do choque não seja resolvida haverá uma falência múltipla de órgãos.
Vale ressaltar que a circulação sanguínea tem a função de distribuir sangue com oxigênio e nutrientes para todos os tecidos corporais. Quando por algum motivo, isso deixa de ocorrer e não há uma reversão desse quadro, ocorre o estado de choque.
Portanto, o estado de choque é um conjunto sinais e sintomas provocado por uma intensa diminuição da perfusão sanguínea gerando isquemia tecidual sistêmica (falta de oxigênio em todos tecidos).
Ao estudar a fisiologia cardíaca, entendemos que, para que a circulação sanguínea funcione, é preciso de 3 acontecimentos, chamados de tripé da perfusão sanguínea, são eles:
Para compreender os sinais e sintomas do choque, é preciso conhecer a fisiopatologia desse quadro.
Quando há uma falha na contração do coração, diminuição da volemia ou aumento da resistência vascular periférica, há uma menor quantidade de sangue chegando aos tecidos. Isto gera hipóxia e falta de nutrientes.
Na tentativa de restabelecer o fluxo sanguíneo adequado para os tecidos, o organismo ativa o:
Para melhorar ainda mais os nossos estudos, vamos estudar a reação de cada sistema perante a deficiência de circulação sanguínea provocada pelo choque.
Comecemos pelo sistema imunológico.
O sistema hematológico é ativado quando há a presença de hemorragia. Neste caso trata-se especificamente do choque cardiogênico, que iremos estudar logo abaixo.
Neste sentido, o sistema hematológico ativa a chamada cascata de coagulação e os vasos sanguíneos contraem-se com a intenção de cessar a perda de sangue.
Diante da diminuição da oferta de oxigênio e nutrientes para os órgãos vitais durante o estado de choque, o organismo estimula o Sistema Nervoso Autônomo Simpático que por sua vez, libera adrenalina e noradrenalina na corrente sanguínea.
A adrenalina e noradrenalina aumentam a frequência cardíaca e faz vasoconstricção periférica. A diminuição da luz dos vasos periféricos desloca o sangue da periferia em direção aos grandes vasos, ao mesmo tempo em que há o aumento da atividade cardíaca.
EXCEÇÃO: No choque distributivo não há ativação do mecanismo de vasoconstricção. Leia o artigo até o final e veja o por quê?
Quando a pressão sanguínea está baixa nos capilares renais, os rins ativam o Sistema Renina Angiostensina Aldosterona (SRAA) com a finalidade de aumentar a pressão arterial sistêmica.
O SRAA promove a retenção de sódio através dos rins e vasoconstricção periférica. Maiores quantidades de sódio no sangue aumentam a volemia pois o sódio atrai moléculas de água.
Quando o volume sanguíneo está baixo, receptores localizados no átrio esquerdo e nos grandes vasos pulmonares são ativados. Por sua vez, sinais são enviados a partir desses receptores para o tronco cerebral e de lá para as células secretoras de hormônio antidiurético (ADH).
O hormônio antidiurético atua sobre os rins aumentando a retenção de água com a finalidade de elevar a pressão arterial e corrigir o choque.
Agora que você já sabe o que é choque, vamos ver agora quais são os tipos de choque!
Como já vimos, choque é uma síndrome provocada pela incapacidade do sistema circulatório em fornecer oxigênio e nutrientes de forma adequada para o organismo.
A insuficiência circulatória causa danos nas células e lesão em vários órgãos, caso o choque não seja prontamente corrigido, os danos tornam-se irreversíveis.
E quais são os tipos de choques?
São 4 tipos:
Agora vamos estudar cada um dos tipos de choque começando pelo choque hipovolêmico.
O choque hipovolêmico é provocado por uma redução acentuada do volume circulante no organismo devido a:
O choque hipovolêmica é caracterizada por:
O choque hipovolêmico pode ser subdividido em mais três tipos de choque, saber:
A Hemorragia é a perda abrupta de sangue provocada pela ruptura de vasos sanguíneos durante cirurgias, acidentes e outros. A perda sanguínea leva á diminuição da oferta de sangue oxigenado para os tecidos instalando o choque.
A água é o principal componente do sangue e sempre estamos perdendo este líquido através da urina, suor, fezes, vômitos e transpiração. A desidratação também ocorre por febre, diarreia, vômitos, diabetes (quadros de hiperglicemia que provocam excesso de micção), transpiração excessiva em dias quentes e
descontrole no uso de diuréticos.
Pacientes em estado de anasarca, (edema generalizado), são fortes candidatos para choque hipovolêmico. Isto porque o sangue perde água para o terceiro espaço e não há sangue suficiente para preencher os vasos sanguíneos.
Vale ressaltar que o edema é um exemplo de sequestro de líquido. A água desloca-se do espaço intravascular e passa a ocupar o espaço intersticial (espaço entre células).
LEMBRE-SE: Choque hipovolêmico é causado por diminuição do volume de sangue.
O choque cardiogênico, como o próprio nome diz, é o choque que tem sua origem no tecido cardíaco.
Como consequência, há uma falha no bombeamento do sangue devido ao enfraquecimento do músculo cardíaco, das válvulas cardíaca ou do sistema de condução elétrica.
São situações que podem causar o choque cardiogênico:
As características deste tipo de choque envolve:
LEMBRE-SE: O choque cardiogênico é um dos tipos de choque que é gerado no tecido cardíaco.
O choque distributivo tem sua origem nos vasos sanguíneos através de condições que provoquem vasodilatação periférica. Assim, o sangue corporal torna-se insuficiência para preencher todos os vasos sanguíneos.
Existem 3 situações que provocam vasodilatação periférica a ponto de instalar estado de choque, são eles:
O choque séptico é uma complicação da septicemia, ou seja, de uma infecção generalizada. Os micro-organismos lançam toxinas que provocam dilatação dos vasos sanguíneos de forma que a quantidade de sangue do organismo torna-se insuficiente para preencher o sistema circulatório dilatado.
Além disso, as toxinas produzidas pelas bactérias causam uma inflamação descontrolada em todo o organismo paralisando órgãos como os pulmões, fígado e rins.
O coração enfraquecido, tem dificuldade de bombear o sangue para o resto do corpo. Caso não seja tomadas medidas urgentes para reverter o choque, o pacienta irá evoluir para a falência múltipla de órgãos.
Os sintomas do choque séptico envolvem 2 etapas, a saber:
Os sintomas iniciais do choque séptico envolvem a fase quente e são decorrentes da da vasodilatação. São eles:
Os sintomas mais tardios da choque séptico envolvem:
O choque neurogênico ocorre por lesão medular.
Este tipo de choque é gerado quando há lesões na medula espinhal e há uma perda do controle do sistema circulatório.
Sem o controle neuronal da vasos, ocorre vasodilatação e a quantidade de sangue circulante torna-se insuficiente para preencher os vasos dilatados. Ocorre assim o choque vascular.
IMPORTANTE: Este é o o único tipo de choque que apresenta a BRADICARDIA como sintoma. Isto acontece porque o Sistema Nervoso perde a capacidade de controlar o miocárdio.
O choque anafilático é uma consequência grave de uma reação alérgica. Uma reação alérgica pode ser desencadeada por picadas de insetos, alimentos, medicamentos ou qualquer substância em que o indivíduo seja alérgico.
A histamina liberada durante os quadros alérgicos promovem uma reação em cadeia que estimula de forma exagerada o sistema imunológico gerando vasodilatação e colapso do sistema cardiorrespiratório.
Os sinais e sintomas do choque anafilático incluem:
Lembre-se que o choque anafilático, neurogênico e séptico são chamados de choque distributivo.
O choque obstrutivo é causado por uma obstrução no miocárdio prejudicando assim o seu funcionamento. Este tipo de choque é gerado por:
É importante mencionar que não existe o termo choque cardiovascular, sistêmico, maciço e nem pulmonar.
Lembre-se que são tipos de Choque distributivo:
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